segunda-feira, 18 de outubro de 2010

PRÍAPO

Em ruínas me escondo pra não ser abatido
Guerreiros traídos me caçam odiosos pela culpa de seus erros
Este castigo que trago em meu ser, não mereço
Enganos de vis prepotentes, senhores da razão
Entidades poderosas, mas sem coração
Filho de um deus hipócrita e soberbo
Que negou seu amor e baniu aquela que me trouxe à luz
Ah! Como posso crer ou mesmo louvar este infame
Se sou condenado a carregar esta triste deformidade
Herdada de uma divindade repleta de sentimentos mesquinhos
Ferido com pedras, jogado ao calabouço
Deixado à própria sorte entre famintos chacais
Mas ainda resisto e meu alimento é o amor
A felicidade me possui diante de todas estas ninfas
Com elas sou feliz e não creio ser monstro
Pois fui contemplado pela glória quando nasci
Glorificado com o objeto do desejo de deusas e esplendorosas mortais
Minha metade humana não é só músculos
Sou uma criatura jovial de ações generosas
E a outra metade, animal, carrega um vultoso ferrão
Descomunal ferramenta
Sinto, de longe, seus perfumes e hormônios
E num ímpeto desvairado viajo milhas em busca de tão sublime afrodisíaco
E às sombras comungo dos prazeres da luxúria
Viril e sedento de genitais femininos
Acendedor do fogo de melancólicas vulvas
Que deliram quando visito suas entranhas
E ao final, extasiado, deposito meu sêmen
Volumoso mas estéril
Doce vingança
Que minhas divas saboreiam cada gota
Como se fosse néctar ou o mais puro vinho
Combato gárgulas traiçoeiras e putrefatas quimeras
 E nos momentos de orgia me transformo num ser mágico
E percorro cada poro de adúlteras concubinas
Como se fosse uma espécie de medusa
Não com cabeças de serpentes

Mas com falos encantados.

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