sábado, 25 de agosto de 2012

TEU CHEIRO, MEU SONHO


Teu cheiro, meu sonho
Acordado agora
Abraçado à veste que esqueceste sobre a cama
E eu, lembrando do frasco sutil
Da fragrância cativa
Que, em gotas, liberta teus demônios, meus demônios
Quando misturadas aos cântaros de hormônios desse teu corpo nu
Expelidos como vulcão
Em bangs de loucura
Escorrendo por entre tuas pernas em laço, doidivanas
E teus seios na mi'a boca
Rijos, saltitantes, pontiagudos
E de nossas flores, nossos gritos, risos, gemidos, suspiros
Memórias de uma echarpe
Que repousa em minha mão direita
Na outra...

sábado, 18 de agosto de 2012

MARIANA


De mãos dadas, nós dois
Nos portais do paraíso
Ela e eu desfrutando do mesmo sorriso
Da mesma fortuna
E não há ipê amarelo mais intenso que os de lá
Nem rouxinóis que vibrem mais
No paraíso entre montanhas
E lá tem o querubim falastrão que nos encanta
Com sua inocência gulosa
E seus tantos Fórmula 1
Até mesmo a medusa é fan de nosso amor tão puro
Nosso tão doido amor
É lá que me farto
Em seus seios tão fartos
Em seus beijos que me fazem bambear
Tudo isso lá no paraíso
No paraíso tão breve e tão eterno
Onde repousa nosso amor

NECROTÉRIO


Agora tudo é noite
Fria noite
Das gélidas a eterna
E todos aqui, à minha volta, não olham pra mim
Indiferentes ao meu putrefato ocaso
Todos!
Insignificante naco sem vida
Vida insignificante esquecida
Antes da primavera também fria

Eles (azuis em rigor) sucumbiram, pois
São clones de meu infortúnio
Na escura tábua gelada, meu corpo gelado
E nem lembranças flutuam
Não há luz, tampouco esperança
Apenas os olhos cerrados de quem não está nem aí
Calados
De selo amarrado ao artelho maior
A espera do ceifador
E sua lâmina nada reticente
E, mesmo que me rasgue as artérias
Ou meu átrio perfure
Meu sangue não jorrará

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

ESTRADA DO LEITE


Ontem estive observando a Via Láctea
Como é linda a trilha espiral dessa estrada de ilusões
De pura tormenta, expelindo esporos de luz
Cuspindo fogo
Soprando ventos solares tantos
Muitos em nossa direção
Por um tapete de alvura
Pra termos a sensação do que é belo
Pra termos a certeza que tudo vai ao longe
Ao inatingível infinito finito
E que todo esse planeta é nosso
Só e tão somente
E que devemos merecê-lo para tê-lo
Devemos aprendê-lo, antes de buscarmos novos mundos
Renovarmo-nos com cautela
Não reproduzirmo-nos feito bestas apocalípticas
Devemos notar o quão ínfimo somos
Esquecidos na imensa escuridão do universo
Minúsculos ante a grandeza do nosso Sol
E que deveríamos doar (como ele faz)
Cada instante de nossas vidas
Com amor e humildade
Sem nada em troca
Até esvairmo-nos