quarta-feira, 20 de outubro de 2010

LIVRE ARBÍTRIO

Deus criou o universo. São calculados pelo homem duzentos bilhões de galáxias com duzentos e cinquenta bilhões de estrelas compondo cada uma delas em média. Isto dá um total de 50 sextilhões de corpos celestes no universo, não contando planetas, cometas e outros corpos. Quem pode ao menos imaginar um número de tal magnitude?
E Deus criou tudo isso porque é o todo poderoso. Aquele que criou tudo. Inclusive o Diabo. Ou quem foi que criou esta peste?
O Anjo Rebelde, por relação lógica, também era detentor do livre arbítrio. Lógico. Se nós, simples mortais, somos merecedores do livre arbítrio, por que não um ser superior, filho legítimo do criador? Será que alguém é bastardo ou adotivo?
Questionador da doutrina do pai, deslumbrado com tanto poder (todo filho acha o pai todo poderoso), Lúcifer queria apenas seguir seu próprio caminho. Que mal poderia haver se o mal não existia? E se Deus era o todo poderoso porque, com seu poder, não suprimiu Lúcifer de seus pensamentos rebeldes?  E com todo o poder porque o Pai não levou Lúcifer ao futuro e lhe mostrou as conseqüências de seus possíveis atos?
Mas Ele não podia ser contrariado. Se contrariado mostraria todo seu ódio. E como punição mandou Lúcifer ao inferno. Por toda a eternidade. Para conviver com as almas ruins. Mas quais almas ruins se não havia o mal? Então quem criou o mal foi Deus? Oras, não foi Ele quem criou todo o universo e as forças que o regem? Inclusive os homens, que criou a sua própria imagem e semelhança?
Todos os homens são criaturas de Deus. E porque o todo poderoso não aniquila o mal atribuído a Lúcifer. Confinado ao quinto dos infernos (além do que conhecemos existem mais quatro, no mínimo. Haja infernos). E o todo poderoso a proteger a humanidade,  porque Lúcifer consegue tanta influência junto aos humanos, inclusive os tementes a Deus. Tementes? Por que temos que temer o Criador e sua ira? O homem vem, através dos tempos, matando, seviciando, estuprando, violando em nome de Deus. Não conhecemos na história nenhuma guerra em nome ou mesmo proferida pelo demônio. Todo mal que conhecemos é proveniente da raça humana, criada à imagem e semelhança de Deus, o pai protetor. Não conhecemos nenhuma raça, nenhum animal, nenhum ser vivo criado pelo demônio.
Os que supostamente fazem o bem são tementes às punições impostas por Deus. Os que fazem o mal são os rebeldes que não temem a ira do Criador e são comandados pela vontade do Anjo Negro. Onde está o todo poderoso que não aniquila as diabruras de Lúcifer?
Mas os que praticam o mal praticam porque querem. Não é o que justificam? Afinal todos têm o livre arbítrio. Mas se praticarem o mal sentirão a mão pesada de Deus e suas punições. Então livre arbítrio não existe. É um triste engodo. Cumprir regras impostas ou sofrer as conseqüências da desobediência. Ou livre arbítrio é sinônimo de rebeldia? E rebeldia não cabe no reino de Deus. Temos que ser ovelhas, que só comem grama e andam de cabeça baixa, submissos.
Não quero esse Deus pra mim. Faço o bem porque está no meu ser. E faço o mal porque está no meu ser. Faço o que bem entender. Faço valer o meu poder de escolha. Faço valer meu livre arbítrio. Não porque Deus exige ou o Demônio me domina. Faço porque quero.
Tenho meus valores morais e minhas conveniências. Posso medir na balança do meu caráter. Minha mente é conhecedora do que devo ou não fazer. Minha consciência determina a quantidade de felicidade ou sofrimento que será gerada pelos meus atos. Meus conflitos me ensinam a ser melhor a cada dia.
Prefiro amar a odiar. Quando amo, amo com todas minhas forças, mas meu ódio tem o mesmo poder. E minha mente controla essa bipolaridade. Sou um ser dual. Pra mim não existe meio termo. Ser ou ser, eis a questão.  Sou resultado das minhas próprias circunstâncias. Ninguém é responsável ou mesmo co-responsável por minhas atitudes. Acontecimentos do passado não determinam o que sou. Nem alegrias nem traumas. É muito confortável justificar um ato por outro. Mas sei que faço o que quero. Na hora que quero. Da maneira que quero. Não existem atos impensados. A velocidade com que meu cérebro processa meus pensamentos, e consequentemente, minhas decisões é mais do que suficiente para determinar, frear ou mesmo liquidar qualquer intenção. Até os instintos e os reflexos passam por um processamento prévio em meu cérebro. Minha mente é o único poder do universo que age sobre meus atos. Só e tão somente sobre meus atos.
Nem o improvável Deus ou mesmo o também improvável Demônio têm poder sobre meu ser. E escolher um Deus que pune ao ver contrariada sua doutrina ou um Demônio que oferece e não cobra prefiro a segunda opção. A grande maioria dos homens que obtiveram sucesso (senão todos) através dos tempos tiveram atitudes reprovadas pelas leis de Deus e foram e são símbolos de poder e,  suas conquistas, objeto de desejo dos mais de 100.000.000.000 (lê-se cem bilhões) de pessoas que já passaram com suas pobres almas por estas bandas. Portanto, os seres humanos têm em seu âmago a necessidade e o desejo de seguir suas vontades e obter o poder que, na maioria das vezes, não está ao seu alcance.
É lógico que os covardes, preguiçosos, doutrinados e alienados, que são a maioria dos seres humanos, nem tentam fazer valer seu livre arbítrio. É mais confortável seguir o rebanho. Não precisa fazer esforço. Agrada ao resto da manada. E passa a vida hora resmungando hora ruminando.

Eh! Vida de gado. Povo marcado, povo feliz! (Zé Ramalho) 

Um comentário:

  1. Joao carlosoutubro 23, 2010

    Gostei bastante do seu blog, tambem gosto de poemas e cronicas.
    e sobre o livre arbitrio, deus controla a vida de cada um, tudo o que uma pessoa é e vai ser é pela vontade de deus, seja ela boa ou ma. seja o bem ou o mal na vida de uma pessoa é deus quem decide.
    ele te faz somente pra cumprir seu objetivo, nao existe liberdade..........
    mas ainda continuo a viver

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