BESO NEGRO

Posta sobre os joelhos em minha cama

De beleza felina

Em posição canina

Ela suplica por momentos de luxúria

Dementes os que acusam nossa esbórnia de pecado

Não sabem nada

Não conhecem os desejos de uma mulher

Por mais recato, mesmo que imaculada

Seu sangue ferve de tanto tesão

Calafrios percorrem sua alma

E doces corrimentos molham suas vestes

Descem-lhe por entre suas pernas

Corro todo seu corpo com minha língua

Atrás da orelha, pela linha da coluna

Entre as coxas

Circundo seu umbigo

Beijo-lhe os pés

E subo, novamente percorrendo cada poro de seu corpo

Nossas bocas se unem, sôfregas, alucinadas

Sugo-lhe os mamilos

Eriçados e tesos

Pontigudos como adaga

E minha língua como malabaris torna ao show

Hábil, sábia, ágil, apaixonada

Ela geme, grita, urra em contorsões

Ronrona palavras desconexas

E volta a posição que me convida a rara delícia

Sua pose denuncia seu desejo

Seus dourados pêlos arrepiam de paixão

Mordo-lhe as nádegas com delicadeza

Para que saiba de minhas safadas intenções

Beijar-lhe o belo anel rosado

Perfumado em fragrância demoníaca

E por ali me perder

Minha língua rija como membro adolescente em sonhos eróticos

Adentra por aquele paraíso

E doidivanas realiza sua magia

Por tempos

Até que ela desesperada

Entregue a mim seu corpo, sua vida

Sua alma

E  desfaleça ao explodir de amor

Beso negro

Beijo negro

Não para tolos nem para ignorantes

Apenas para loucos amantes