sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

ECOS


Meu caminho se traduz em aporte ao vale dos sonhos
Problemas e decepções já não me nublam o horizonte
Minha vida se esculpe em águas insanas
Grotões,  quedas, corredeiras, rios
Suas entranças não me fazem chorar
Deságuam num mar inocente de vagas rebeldes
Ecos de um amor perfeito
Arco-íris de sonhos que o cio anuncia
Por fendas penetram em meus pensamentos
Por gotas, neblina, fecundam minh’alma
E deslizam a nau onde está meu amor às entranhas de meu coração
Tão intensa é a força de minha paixão
Rubras se tornam revoltas no pulsar de meus rios internos
E jorram, inundam, irrigam meu coração declarado
Excitado por chamas insípidas
Termas de luz que encharcam meu mundo
E matam a sede que me consumia
Nem mil sóis evaporam suas caldas
No máximo as levam até a lua ingênua
Onde repousam no Mar da Tranqüilidade
Ou desabam sonoras no Oceano de Tormentas
E ecoam até o mais infinito dos céus
Tão louco que é este meu novo grande amor

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

AMORES


No fundo do poço
Triste, a espera da morte, sem noção
É, gente
Um sem noção é o que eu era
De amores sofridos e amores perdidos
Sim , o maior deles perdi
E junto desse amor tão grande foi-se a vontade de viver
Rabiscos obscuros, ininteligíveis, agressivos a todos
Era a única forma que encontrava de expressar meus sentimentos
Aí, do nada, vem essa criatura esplendorosa me enchendo de vaidades
Nem sei de onde surgiu
Nem porque
Invadiu minha vida sem pedir licença
E preguiçosa, manhosa, doce felina foi se alojando em meu coração
Resultado?
Me apaixonei, óbvio
O amor dos mais puros, mais sinceros, mais singelos
Tão grande que eu não considerava amor
AMORES!
Era assim que eu sentia essa loucura por esta mulher
Múltiplos, maiúsculos, exclamados amores
A personificação do mais abstrato sentir
Nada haver homem-mulher
Apesar de tê-la desejado por demais
Era algo muito puro e é até hoje
Ela sabe, pois
Sabe o tipo de amor que é esse meu louco e profano amor
Mas a frustração e a decepção afastaram-na de mim
Tornei-me esquisito
Criei uma barreira entre nós
E sofro demais por isso
Ela abriu a porta do meu coração e partiu
Não mais a tenho
A luz da minha vida está se esvaindo
O medo da escuridão vem me massacrando dia a dia
Aquela que me trouxe de volta à alegria se faz distante
Sinto sua repulsa
E isso dói
Dói demais em meu peito
E torno-me espesso, denso, tenso
Com a vida comprimida como se num buraco negro
Das duas uma
Ou essa energia que emana de meu ser explode com força tal que um novo big-bang
Ou a cada episódio torna-se mais opaca e absorve toda a luz ao seu redor
Porque meus AMORES por ela transcendem

SEI QUE É AMOR


Eu gostaria de explicar essa coisa que invadiu meu coração
Mas como, se ela não está apenas lá? Arraigou-se em meu ser
Minha mente, tola mente, vaga por luas, por ruas, tolamente
É como se mais nada existisse senão um pensamento
E nele tu estás, como estatueta em vitrine,
Soberana, brilhante, vibrante, sublime
O ar que respiro tem teu cheiro
E esse gosto, por inteiro, que se espalha pela boca
Tão doce tão marcante que é difícil engolir
 Tua força, frágil e forte, desvirtua-me a rosa
 Dengosa e fulminante desencanta o meu norte
Quando escuto tua voz, latejo veloz, fica assim meu coração
Regido por arpejos e espancado por timbales e bumbos
Meus olhos dilatam e cegam à tua luz
Tanto brilho que imagino mil centelhas
Mil candeias, milhares de estrelas
E quando te afago, estremeço, mal caibo em meus pés
Foge-me o chão, desfaleço de paixão, perco os sentidos
Sei que deles um me resta, o sexto
Ele sempre a esperança me afirma
E isto muito me anima
Não é pretexto para conquistar-te
É certeza que se morro hoje deixo este mundo feliz
Por querer-te tanto
Por tanto te amar
Portanto...

DOR


Sinto um mal estar apertando meu peito
Não consigo respirar
Tenho náuseas
Calafrios
Pesadelos
A vontade de viver se esvai em minha alma
Saber não ter qualquer importância
Não suporto esta dor
A tristeza tornou-se dona de meu ser
E vivo num mundo de invernos
Sem um dezembro por vir
Nuvens escuras anunciam a tempestade
Torrente de lágrimas de um pai esquecido
Que só queria ser amado por seus filhos
Nada de reconhecimento ou gratidão
Apenas ser amado como sempre os amei
Mas não valho nada
Sequer atenção mereço
Pois quero partir agora
Viajar aos confins da floresta negra
Isolar-me do mundo
Banir-me em clausura
Quero ir ao encontro de chacais
Para que rompam a carniça deste corpo putrefato
Que não mais deseja viver
O gelo me rompe as entranhas
Dor, dor, dor
Quero vomitar
Expulsar meus medos
Livrar-me da angústia
Calar meu desespero
E não vejo outra solução
Nada mais me resta senão a morte
Mas tenho que esperar por ela
Sou um fraco
Um covarde que sequer consegue projetar seu destino
Morte, me leva!
Por favor, suplico-te!
Tu sabes onde me encontrar

sábado, 25 de dezembro de 2010

SEM FRONTEIRAS


Este amor que me envolve é luz
Sinto que é complexo
Composto por diversas frações que cada qual um todo
Descaminhos fractais que me assolam e assim confuso
Sentimento que rasga agudo e sara obtuso
Estou contido nele e ele me contém
Quando a vejo, meu amor é límpido
Quando a toco, os céus desabam
Dou a ela todo meu amor e ela devolve em dobro
Mas não preciso de retorno
Quando a amo a endeuso
Quando a beijo, enrubesço
Sou dono de seus segredos e faço parte deles
Minhas inspirações são seus sorrisos
Suas lágrimas meus encantos
Ah, hormônios! Quão loucura
É um amor genuíno
Sem mácula

Repleto de paixão
E cria luz
Cria forma
Corpo e alma
Se a tenho em meus lençóis ou mesmo no macio da relva
Perco forças, ganho vida
Dez anos mais, ao menos
Se ao longe, algo muda em meu ser
Ganho forças
Ganho vida
Mil anos ou mais
Sei lá!
Não deixarei que a esperança se torne meretriz
Com maquiagens que iludam meu viver
Continuarei eterno a sua busca
Sem me perder em desvarios
Estou isento de demônios egoístas
Repleto de quereres
Completo de amor
Não preciso tocá-la agora, pois sei que somos um
Não tardia, já que o tempo não é ninguém
O abstrato em min’alma rompe as fronteiras do universo
E chega ao meu amor onde ela estiver

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

PAIZÃO


2010 se esvaiu como outro ano qualquer
Nada mudou
Ou melhor
Tudo mudou
A população de humanos no planeta aumentou
O que não é nenhuma novidade
Mais pobres
Menos ricos
O Quércia foi pro saco
O Alencar tá quase
Só não foi ainda porque tem dinheiro
E muito dinheiro
Mais gente
Menos alimento
Mais incesto
Mais corrupção
Mais homicídios
Mais poluição
Mais inveja
Mais ganância
Mais soberba
Mais maldade
Mais carrões
Mais dívidas
Mais reza
Mais oração
Mais igrejas
Mais fiéis
Mais pastores ricos
Mais drogas
Mais drogados
Muito, muito, mas muito mais mesmo, hipocrizia
Mais calor
Menos gelo
Menos meio ambiente
Menos família
Menos esperança
Mais peru, ceia, bebida e gula no Natal
Muito menos esperança
Mais ansiedade pro carnaval
Mais ansiedade pra quaresma
Mais vontade de comemorar a paixão
E crucificá-lo novamente
E aproveitar o ensejo da crueldade e malhar o Judas no dia seguinte
Mais desejo que no domingo de Páscoa ele ressurja
Para se esbaldar de chocolate
E descansar seu bundão obeso ao lado do Paizão
E continuar a não fazer nada pra proteger seus filhos amados.
Muito menos esperança mais

NATAL O PERU


Preparando uma cestinha pra doar aos pobres?
Que bom, né?  É dia de fraternizar
E o restante dos dias que virão até chegar o próximo?
Ah! Já sei. O dia de hoje é dia de recarregar as baterias
Ser bonzinho fortalece
Aí você, com o ar de dever cumprido, vai sacanear
Sacanear o próximo, aquele que estiver próximo
Ou aquele que longe estiver também
Vai comemorar a chegada do menino?
E encher a cara de bebida e comer como quem chafurda
As migalhas aos porcos e as costas aos irmãos
Passou o ano inteiro levando vantagem e levantando calúnias
Invejando, passando rasteiras ou fazendo vistas grossas
Votou pra presidente
Roeu as unhas na copa
E não fez mais nada de importante
Exaltou sua fé, pediu à Deus
Fez as mesmas coisas e ficou esperando por resultados diferentes
Que burrice!
Observo pessoas
Passam décadas mediocremente
Freqüentando igrejas e rezando, orando, pedindo
Implorando a deuses que nada oferecem
E agradecendo por ter pagado a prestação do carrão
Apenas efemeridades
Nada de real valor
Putz!
To criticando você por quê?
Agora tenho uma nova concubina
Ela é bem novinha
Tá lá na minha cama me chamando, sedenta de amor
Peladinha, ou melhor, peladona
Também! Nessa idade, é insaciável.
Eu to aqui na sala esperando umas amiguinhas
Elas querem provar o peru
Vai ser uma festança
Eu não sou diferente, não
Aqui também é uma putaria só
Só!

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

VENCEMOS!


Agora que nada sobrou, não vejo ninguém, alguém que restou
A peste negra invadiu os corações hipócritas e eles se foram

Queimam suas pobres almas em metal derretido no limbo escárnio
Mefítico, purulento, fétido
Até mesmo posers, escondidos nas ilusões da megalomania  
E fariseus hereges, energúmenos falastrões perdedores
O silêncio que predomina não anuncia a paz
O apocalipse é notório neste mundo onde nunca se amou
Percorro ruas e becos a espera de um milagre
Encontrar por fortes almas sobreviventes
Nos campos, cidades, aldeias não vejo
Mas sei que vingaram, sei que estão por aí
E quando o sol se pôr verei minha gente
O estampido de bumbos ao vibrar de pedais
O sonoro ganido de um riff esganiçado
Os gritos potentes de um mago da voz

Poder e morte!
Pesado, negro e gótico
Todas as sinceras almas brindarão aos acordes de metal
Sei que não sou o último
Muitos de minha gente virão
Guerreiros seremos na reconstrução da unidade
E alçaremos o troféu tão cobiçado aos céus
Unidos num concerto a mil vozes
E já ao alvorecer quando cantarmos a última canção
Eu saberei que venci
Vencemos!


 
 

SYLVIA MEU AMOR


Deus obscuro, negro terror
Com tuas estúpidas estrelas
Pra sempre, eu jamais
Sinto-me ereto
Não deito, não sucumbo
Nem mesmo as mais belas e perfumadas me notam
Pois sim, são eternas
Enquanto, de vez em quando, discurso aos confeitos brilhantes
Jorras o fluido do amor, inútil lua nova
Muda e fria tal qual primos cristais de gelo
E quando me cego, caídes em genocídio
E ao vosso deleite volto a renascer
Enfeitiçado no leito entre arpejos e beijos
Esquizofrênica valsa
Godiva serpente, leoa de Deus
“Derrete-se na parede e eu sou a flexa”

Cacos de Sylvia Platt
Homenagem ao meu grande amigo Eric

COMPLEXO DE ÍCARO


Por toda minha vida sonho, busco, luto, acredito
Quero tanto tocar as estrelas, voar até lá
Cruzar o céu
Flutuar entre as nuvens
Visitar os anjos
Chegar perto do sol
Soltar meu grito de liberdade
E o infinito, mudo e etéreo, se dobrar a mim
Buscar o paraíso além das estrelas
Repousar na cauda de um cometa
Colocar toda força de minha fé e buscar a luz
Pegá-la em minhas mãos
Flotar pela brisa
Subir a montanha azul e lá de cima pular

Plainar como um albatroz por termas nunca dantes navegadas
Voar, voar
Até que se esvaiam minhas forças
Até onde aguentem meus desejos
Até que eu não suporte mais e venha à terra cair
Meus sonhos de liberdade se iluminam
E meu destino é traçado pelos ventos
Que por fim aos céus me alçarão
Cochichos jamais me impedirão
E minhas asas não sucumbirão ao calor do sol
Pois sei que meu amor é das estrelas
E seu brilho é posto a mim
Pra que eu deguste, respire e me alimente
Se eu morrer nessa empreitada, morrerei feliz
Não temo meus caminhos
Sigo meus sonhos e por eles lutarei até o fim
Brilharei com as estrelas
Lá do alto que contemplas
E ao final, quando ao paraíso chegar
Terei minha alma desfadiga
Livre pela morte
E iluminado por toda a eternidade

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

AMOR E ÓDIO


Sentimentos marginais que correm juntos
Às vezes se cruzam, às vezes se transformam
Talvez nunca se encontrem, provável um dia se mutem
Doce e amargo comutam estranha simbiose
Eterno poder se faz amor
Poder maior, triste metamorfose
Sonhos de amor eterno, juras de eterno amor
Tornam-se ódio, desprezo, rancor
Ódio!
Desprezo!
Rancor!
Afagos, carinho e ternura se foram
Hoje
Negros pensamentos , pesadelos  obscuros
Nem fé, esperança ou mesmo sorte
Só dor, mágoas, desvelos
Desejos de tua morte
Que morras!
Sorrisos fartos em lágrimas
Mas a luz das estrelas romperá toda essa escuridão
O Sol reinará triunfante em minha vida
Quando vier outra paixão
Quando chegar a hora de tua partida
Para o inferno
Maldita!

NÁUFRAGO





Me deixa à deriva tua beleza
Teu âmago é coisa divina 
Doces palavras brisam de teus lábios carmesim
Cambaleio ao ver a silhueta de teu corpo sob a anágua 
Estonteio ao tocar seus mamilos carmim
Minha nau faz água
Sucumbe às vagas
Seu corpo é como tornado
Sua pureza é tal que em sorrisos transbordo
Meu coração, cercado por mandíbulas, humilhado
Sinto romper o aço a estibordo
Não dá mais pra segurar
Náufrago!
Afogado nos delírios de um amor sem fim
Sem ter medo de meus ideais às águas deixar 
Passei a vida toda amando
Constantes alucinações
Seguidas decepções
Cicatrizes profundas de adagas de marfim
Já era hora de aprender
De saber fugir desta armadilha
Saber que a nau é frágil
De cristal
Qual nada
O amor me dominou novamente
Não sei fazer outra coisa senão amar
E toda essa tormenta se fez calmaria
Tempestade se vai
Anuncia a bonança
Luz de um sol que espeta os prismas 
Transforma minha vida num arco-íris
E, como um destroço, aporto nesta ilha
Adormeço em teu colo
Exausto!

A BELA E A FERA


Encantas, mulher
Teus predicados exorcizam esse cativo das trevas
Que não quer saber de teus defeitos
Tampouco teus surtos
Gosto mesmo desses teus trejeitos
Açucarados trejeitos
Ode sinfônica como um cisne ao lago
Andar de cristal
Cútis âmbar
Fartas ancas, glúteos bombom
Delíciosamente sensuais
Face angelical
Lábios de mel
Olhos agudos, olhar perfurante
Fala poética
Voz angélica
Hálito perfumado
Fragrantes desejos
Flagrantes anseios
Conversa envolvente
Sapiente
Mãos calientes
Beijo eloquente
Vício indecente
Ópio sulfúrico
Que corrói meu âmago telúrico
Teu sorriso me faz voar livre
Por entre as nuvens
Como plumas à brisa
A divagar pelo éter
Etéreo e eterno
És a onipotência da beleza
A inveja de Afrodite
És afrodisíaca
O religar de meu eu maior
E eu!
Apenas um monstro
Um ser desprezível
Horrendo
Criatura vil e esquiva
Mal intencionado
Malévolo
De olhos grandes
Cara peluda
Caninos à mostra
Canibal
E coração gigante, guerreiro e bobo
Louco de amor
Por ti
Por toda minha vida
Teu guardião
Teu protetor
Teu escravo
E se quiseres, teu amante
Isso eu sei fazer muito bem
Mil anos
Mil vidas
Mil mundos
Por cem centenas de certezas
Te amarei fiel
Amigo
Como um canídeo adestrado
E no deleite, um lobo faminto
Apaixonadamente feroz
Sou teu
Somente teu

sábado, 18 de dezembro de 2010

SHANGRI-LA





Segue-me agora, meu amor
Entra comigo neste mundo mágico
Fecha os olhos e dá-me tua mão
Sente esse ar selvagem
Se não te sentes feliz
Agora é o tempo de fazer valer
Porque teu destino é feito de encantos
Saiba que estou de vez ao teu lado
E essa tristeza não sentirás nunca mais
Pois meu mundo de sonhos é real
Portanto, solta teu grito
Corre por entre esses caminhos de luz
Solta teus cabelos e enxuga tuas lágrimas
Sente, descalça, a energia da natureza
Respira fundo a força da criação
Percebe que há vida nas pedras
Entre elas e embaixo também
Nos rios, no ar, por todo canto
Tu estás no meu mundo de sonhos, agora
Abre os olhos, amor e corre feliz
Não tenhas medo
Aqui não há humanos adultos
Apenas crianças, sorrisos, magia
Eu, aqui, só ando de olhos fechados
Vivo uma realidade diferente
Vivo um insight
Escuto até o bater de meu coração
Há uma angélica paz em minha mente
Neste momento a luz se espalha em mim
E provo, feliz, o prazer da magia
Gozo o sabor da fantasia
Sinto que meu sonho é real
Quero gritar ao mundo o meu mundo
E que trombetas não deixem pedra sobre pedra
Neste mundo de sonhos sou como nasci, novamente
E maravilhado estarei para todo o sempre
Meus sonhos são minha alma
Jamais serei o mesmo e nem quero ser
Nunca mais, nunca
Tu estás em meu mundo, agora
Somente crianças, sorrisos, pureza
E todo o meu amor é pra ti
Esse é meu mundo
Esse é meu sonho
Segue-me, meu amor
E jamais saias daqui
Jamais
Ajuda-me a mantê-lo real

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

BRINDE AO AMOR





Cálices de vinho postos à mesa
Castiçais mágicos sustentam a elegante penumbra
Rosas decoram, perfumam, enebriam
Frente a mim uma deusa
Sedenta de amor 
Olhos brilhantes
Mãos ansiosas
Olhares cativos
Ternos toques
Afáveis carícias
Lábios carmesim, ardentes e hipnóticos
Pensamentos insanos me possuem
Desejo e paixão
Coração violento
Flamante sangue vulcânico
Ares rarefeitos e sufocantes
Então, sucumbo à loucura
Insensato
Inconsequente
Lanço tudo ao chão
Sonhos tão quistos, cristais rompidos
A toalha escorrega e pousa num canto
Suas roupas, rotas se espalham
Meus braços enlaçam
Minhas mãos descobrem
Meus beijos entorpecem
O ar que respiramos é um só
Nossos corpos também
Amamos sem medo
Fluidos se misturam, os nossos
Gemidos arfantes
Palavras desconexas
Dentes cerrados
Uivos e garras
Navalhas de Vênus
E explodimos numa torrente de êxtase
Castiçais estilhaçados
Cálices tombados
Rosas sofridas sob meus pés
Amor eterno
E vinho a brindar