quarta-feira, 20 de outubro de 2010

A DROGA DO FIM DOS TEMPOS



Essa coisa que invadiu as metrópolis, as cidades, os lares.
No mundo todo, ou quase todo.
Seres de todas as classes, cores e credos
perdidos pelo consumo de momentos ilusórios, provisórios.
Mas a própria vida é só um momento.
As ilusões ocupam mais espaço em nossas vidas que a realidade.
Pra que poder?
Apenas pela satisfação do subjugo.
Pra que dinheiro?
Somente pra provar que temos mais.
Pra que Deus?
Pra passar uma vida de temores.
É só parar pra analisar e percebemos que a vida é pura ilusão.
Nada que fizermos será fruto da certeza.
Nada que realizarmos dará frutos simétricos.
A entropia confirma o paradoxo.
A utopia é paralela à existência.
Nunca cruza a realidade, mas anda lado a lado.
E estamos sempre nas marginais de ambas.
Indecisos, utópicos.
Procuramos respostas que nunca teremos sem dúvidas correlatas.
De onde venho?
Pra onde vou?
O que estou fazendo aqui?
Muitas respostas, sempre inexatas.
E o tempo é a única grandeza absoluta deste universo tridimensional,
por isso não o concebemos como dimensão.
Mas o seu absolutismo está na realidade vetorial:
Dois sentidos e uma só direção.
Sempre pra frente.
Nunca ao nosso alcance.
Então, enquanto eu fumo minha pedra
Você fuma seu dinheiro
E você fuma seu poder
E você, fuma seu Deus no cachimbo de nome pastor,
padre, profeta ou bispo.
Enquanto consumimos nossos ópios
Você aí fuma os blasfemos da nova era
E você? É, você mesmo, que está aí se escondendo, de cabeça baixa e desviando o olhar
Fuma  os pecados capitais?
E ficamos todos loucões com a fumaça da hipocrisia
Num mundo sem realidade,
Mas todos com o mesmo destino:
Rumo ao fim,
Matematicamente certo.

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