quarta-feira, 27 de outubro de 2010

BRANA DE LAMENTOS



O frio que chega a minha morada
Vindo das trevas que a mãe Natureza confinou
Congela-me o peito com a força do mal
Por ter que beijar- te o beijo da morte
Silêncio funesto que cala meu pobre coração
Portões abertos à luz e não posso correr
Minh’alma ferida a ponto de nunca voar
Lágrimas em pedra tornam-se sombras
De almas sem perdão brotadas em cruz
E este ódio que me surpreende
Pois nunca existiu em meu interior
Criaturas da noite marcham em passos de sangue
Eu quero voltar ao afago da luz
Voltar aos braços do meu amor
Para beber, feito vinho, o espírito de uma nova chance
O fel da angústia que pousa em mim
E nunca que abandona meu ser
Amarga minha vida
Apaga a centelha de meu coração com seu hálito frio
E assombra meu mundo com seu fedor
O limbo pútrido invade meus pulmões
Oh! Deus!
Por que me abandonaste?
A ninfa que enlouqueceu meus pensamentos se foi
E dizem que voltou para viver ao Teu lado
Por toda eternidade
 Mentira!
Devolva meus sonhos
Deixa que eu viva
Livra-me desta floresta escura
Brana de lamentos, murmúrios e agouros
Onde habitam pássaros negros
Corvos delatores que espreitam a queda dos fracos
Abutres que rompem vísceras dejetas
Arautos da volta do Lord Negro
O Profeta da dor que consumirá esta alma perdida
Jogada ao vento por um amor sem alcance
Sem rumo e sem esperança
Juro não poder suportar este inferno em que vivo
Desconjuro o peso desta sentença maldita
Que cumpro eterno entre correntes e açoites
Só porque a morte a levou
Só porque dediquei-me ao amor

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