segunda-feira, 9 de maio de 2011

DE VOLTA À SOLITUDE


Não quero mais esta vida ingrata
De tortura me farta essa desventura
Do exílio o fétido lodo causa-me náuseas
Tristezas latentes, abutres que são, me devoram
Apavoram meus tantos eus, solitários todos
Lá fora, o gélido inverno me aguarda
E não há nada que à luz me leve
Em breve partindo estarei
Ao inferno voltarei, se é que já não o vivo
Cativo do ferro corrente, demente
Minh'alma brasas chora pedindo clemência
Inocência? Não quero mentira eterna viver
Quero sim morrer, meu merecido descanso
E no frio Carrara cobrir-me de negro celeste
Putrir-me de peste em contínuo lamento
Esse sórdido tormento meu de cada dia
Lá no rincão, narra o corvo meu fado
E de lamúrias me farto, naufrago em efêmeras lágrimas
Choro a saudade, essa megera de mil liras
Dedos mil a compor a canção do adeus
Quimera que zomba, gargalha do pranto meu
Maldita que, no apogeu da paixão, as garras cravou-me no peito
E num golpe estreito arrancou-me o coração
Não mais suporto a solitude, não suporto essa dor
Desejo a plenitude, quero de volta o meu amor
E que o lavor de meus versos tornem ao brilho, à imensa candura
Não permita meu bem que essa una estada me guie, me leve a loucura
Não deixe que a distância e a vil solidão cavem nossa sombria sepultura

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