segunda-feira, 30 de maio de 2011

COVARDE


Onde está que não me sai a verve?
Meu pensamento ferve, me assola o silêncio
Junto ao vento núncio minha vida esvai
O verbo quieto é ideal derrotado
E eu apavorado, acuado, mudo
Por mais que eu diga não digo tudo
Anseios acorrentados, amordaçados
Aprisionados em devaneios do infinito
Infinito de minha mente e de minh'alma carente
Tolhidos no fecho de minha boca finita
Que não fala, que não grita
Tantos gritos de liberdade presos, tantos
Tantas vontades em expor minha insanidade
A paixão, essa gárgola seca, na garganta entalada
A saudade, malvada que é, nem pio permite
De amor, confissões reclusas ao medo
Medo de ferir e de ser ferido, pavor
Enxotado como que cão danado
A tanto me calo, o pranto prefiro
E giro as lágrimas ao revés da batuta
Como menestrel desta prostituta solidão
Cantam elas a dor, o amor, o dissabor do desamor
E meus sorrisos, poucos que são
Quando são, dizem nada, o nada predizem
Cintilam em gris nuance as cores em meu coração
E meus clamores de fé?
Minhas roucas palavras de esperança?
Que desde criança apertam-me o peito
De um jeito amargo, caótico, dolorido
Tal que vivo perdido, sentido por cada palavra não dita
Arrependido por não vomitar essa covardia maldita

Um comentário:

  1. Viviane Voorheesmaio 31, 2011

    Me acerta em cheio com seus pensamentos, suas crises de aparente insanidade, onde só os que habitam nesta conseguem vê-la de forma límpida e quase indolor.

    Obrigada de novo por tudo que escreve, por sua amizade..

    Te adoro..

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