quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

TRISTEZA


Alguém disse que as coisas que escrevo são tristes
Sei que o mesmo pensam outras poucas
Ou todas?
Nem tenho como dizer, mas tristeza pra mim é muito mais
É natureza arraigada no fundo da alma
Fruto de traumas que ao longe brotaram
É monstro que cresce como o milagre do pão
Cousa sem razão, puro sentimento
Sorrir até que tento
Lamento, mas sou assim
É doença, crença, pestilência
O todo de minha essência
Angústia, melancolia, depressão são minhas companheiras
Que iluminam faceiras, a escuridão de meu brilho
Sofro por distante estar meu filho
E morro no exílio sem poder tocar o meu neném
Fui extirpado do amor de minha prole
Madre morta-viva, cativa do egoísmo
Enterrada em seus dogmas e sua alienação
Sepultada em sua hipocondria e maledicência
Fúnebre hipocrisia de alguém sem origem
Então busquei um novo amor
E por ela a paixão é tal que me corrói
Meu coração dói, grita por ajuda
A chaga é profunda e vaza-me o peito
O mundo nos julga por nossas diferenças
E essas não são desavenças
São percalços da vida de dois apaixonados
Duas almas que se amam tanto, mas tanto que loucos
E aos poucos definham na amarga solidão
Nossas lágrimas formam um salino grotão
Milhas nos separam e o tempo carrasco também
O amor tão pregado nesse mundo herege
Não é permitido, é posto em juízo, execrado por todos
Por isso eu sofro, choro, morro
E fico aqui no meu canto
Triste, só, em prantos perdido
Lentamente me engole a má sorte
Ungido por uma paixão imprópria
E covarde
Com medo de que aqui a felicidade aporte
E sem fibra pra enfrentar a própria morte

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