quarta-feira, 13 de julho de 2011

NUA


Eu, aqui na minha cama
Tu, aqui na minha cama
Que não é mais minha cama
É a nossa cama
Em nossa cama tu vives
Vives nua
Nudez perversa, sem muita conversa
Sem roupa nenhuma
Poucas vezes alguma
Às vezes uma minúscula calcinha
Outras, um baby-doll negro
Daqueles de arrancar o fôlego
O pouco que me resta
E arranco suspiros, gemidos
Arranco arrepios, urros e urras de ti
E, em mim, arranjo descomunais energias
Forças desconhecidas
Ou, se conhecidas, esquecidas
No fundo da gaveta de minha juventude
Onde morava minha solitude
E por falar em gaveta
Lá se vai tua roupa
Pouca, miúda e sexy
Que a miúde tira-me o vértice
Praquela deixada aberta
Displicente do criado mudo
E surdo e cego e tetraplégico
Ainda bem
Pronto!
Como disse:
- Tu, nua, gostosa, de bunda pra cima
Fingindo-se entretida num livro
Mas pensando em me enlouquecer
E eu, já louco de tesão
Pensando em beijar-ter, morder-te, comer-te
Cara de bobo, fome de lobo
E então te viras
Melões ao céu, mamilos cor de mel pontiagudos
De tão eriçados
Tua vulva carnuda
Fazendo volume, nua também
Eu, de tão eriçado, ouriçado
Babando, cuspindo fogo
Meu fogo, teu fogo
Queimando os lençóis que vão ao chão
Nossos corpos também vão, logo mais
Após a loucura de nossa nudez
Após a fusão de nossos corpos suados
Após o vai-e-vem tresloucado
O entra e sai desvairado, molhado e apaixonado
Até o ápice de nossa paixão
Então dormimos até a manhã
E amanhã, cedo, vou consertar nossa cama
Vítima de nossa diabrura
Reforçar-lhe a estrutura mais uma vez
E tu, entre o colchão e os lençóis
Dormindo o sono dos anjos
Nua e linda

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