sábado, 16 de julho de 2011

NÊNIA DEMONÍACA


Esse amor domina a fria alvorada
Meu vento, meu tempo, meu pensamento
Cada momento, cada suspiro
Por todo meu fado deliro
Triste em meu canto ouço a nossa canção, meu amor
Ardor gutural, rouco, às margens da insalubre decência
Clamor despego do fundo da alma
Sofrido, entre nuvens e cinzas, outro cigarro acendo
Destruo a vida na mais silente misantropia
Incito-me à célere morte vazia
Não posso mais viver sem ti
Louco, aguardo a Via Descendens
Dos anjos a me arrebatar
Entre um gole e outro do amargo Bourboun
Quero partir dessa melancólica estância
Fugir da brutal desventura em que me meti
Esse infindo outono leva-me as folhas já secas
Sem cor, arrastadas ao gris horizonte
Ao pior dos lamentos, meu jocoso porvir
O inverno nefasto, sem teu calor
Por fim só venturo um destino cruel
De tua distância, o martírio
De minha saudade, o inferno

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