quarta-feira, 1 de junho de 2011

ÓTICO


Ouço vozes de encanto, de gritos convulsos
Ouço a luz em teus olhos que brilha sussurros
Ouço teu sopro, tenso em volúpia, raro em murmúrios
Ouço gemidos teus, te saem do corpo em meus braços
Ouço tilintar os teus cílios, apaixonados pingando
Ouço teus seios em súplica angústia, pedindo-me a boca
Ouço sangrar os meus lábios, mordidos por teus...
Ouço o torpor de tuas pernas, em lânguida sorte
Ouço o suar de tua pele que escorre paixão
Ouço o vento do outono, noturno, soturno
Ouço o flamar de meu mastro, meu sangue fervendo o teu sangue
Ouço o vibrar do cetim de tuas vestes caídas
Ouço o cair de meu linho na alcova macia
Ouço o rasgar de tua seda por dedos dementes, meus dedos
Ouço tuas carnes molhadas, não mais escondidas
Ouço teu gozo  mimado
Ouço minha única fé, meu amor clamando por ti

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