domingo, 3 de abril de 2011
FETICHE
Paralelas deslizam neste mar de piche
E eu aqui ensaiando meu fetiche
Sozinho em semi-leito me ajeito na poltrona
Vou atrás da minha dona, vou buscar a minha dama
Então, alojado em corvim, elaboro meu jardim
Onde existem só rosas vermelhas, centelhas de amor
Suspiro, fecho os olhos e a vejo
Doce, nua e depravada
Como a lua de alcova, escancarada
A roubar meu coração que ungido em paixão bate forte
Enquanto essa estrada leva-me ao norte, ele espanca meu peito
Minh'alma sangra e, como que zanga, a febre me alucina
A culpa é dessa moça, que ontem foi menina
Mulher fatal, feiticeira da luxúria, anjo do mal
Vou perder-me em seus lindos caracóis
Vou render-me à sua mágica alegria
Deleitar-me em seus beijos e rolar por seus lençóis
Me aninhar sedento em seu colo
E em dolo provar de mi'a sentença
Em seu ninho largar esse corpo danado
Derramar, sem licença, meu desejo em sua carne cetim
E me esbaldar nessa fenda carmim até extenuar
Seus lábios tenros, cheirosos, gulosos, suplicam por meus beijos
E vou sugá-los até que exploda de loucura
Até que jorre sua candura e eu me deixe levar pela tortura e esmoreça e apague
E, ao final, já sonolento, com o courino todo roto
O semblante meio torto e o falo quase morto
Eu descubra que a vida é isto
De divinas emoções, um misto
Um amor inocente que surge, cresce e domina
Mesmo que nasça de um imprevisto
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