quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

INSÔNIA


Exilado da cidade
Distante de todo aquele neon
Perdido num mar de estrelas
Aqui, nesta plácida cabana
Há noites que não durmo
Tu, nua ao meu lado, num sono de anjo
Ela, tal deusa noturna
Cândida, a livrar demônios da escuridão
Seus raios invadindo nosso leito
E sua luz, ingrata
Reflete e se torna mil
Repleta ao tocar o teu sorriso
Vítima de teus sonhos devassos
Essa vil candeia incendeia a madrugada
A luz da lua em teu sorriso me cega
E não me deixa dormir

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

6 DIAS


Me perdi em teus tantos beijos, teus tantos afagos e carícias
Em teus braços me perdi, amor
Nossas almas gêmeas, unidas, indiferentes às nossas diferenças 
Nossas alegrias de mãos dadas
Causando inveja aos olhos incrédulos da hipócrita censura
Por ter maculado tua inocência aos pés do mito pregado
Sob a reluzente negritude da heresia
Profanando o templo do aleijado escultor
Cada instante teu em minha memória é vida
Lembranças de nossos sorrisos
De todas aquelas andanças
Por entre ruas e ladeiras
Entre vales e montanhas
As mágicas Alterosas das Geraes
A torre onde nos lançamos à loucura de nosso amor
A lápide, o cemitério, nosso terno canto de meditação e paz
O burburinho do ribeirão
A melancólica ode do trinca-ferro
A sinfonia intermitente do aço nos trilhos
E nós, trocando colos no vagão
Com beijos mil, melados, sôfregos de tanta paixão
Por 6 dias teu brilho me encantou
Tanto que a felicidade não mais arreda pé do meu ser
Alojou-se em meu coração e criou raiz
Não há mais tristeza
Nem mesmo solitudo
Hoje guardo apenas bons frutos
Sorte de minhas mal pensadas semeaduras
Árvores, filhos e amigos, todos de boa estirpe
Assim, é completo meu fado
E vivo a balançar minha verve na rede
Vivo a plenitude de gritar meu amor por ti
Esse nosso amor proibido
Esse nosso amor insano

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

ISABELLA


Desses teus olhos tão grandes
E tão negros teus olhos
Tanta luz emana, tanto brilho insurge
Em raios, flashs, relâmpagos de feitiço
Tanto que minh'alma fenece em suspiros
E torna-me escravo, jogado aos teus pés
Esses lindos pés, adoráveis, dignos de contemplação
E eu, pronto a servir-te
Sem nunca antes deixar de beijá-los

E esses teus lábios?
De tão divinas carnes, suculentas,
Macias como a framboesa
A invadir minha boca perplexa
Eu, de queixo caído, salivando feito fera canídea

Quando abres teu sorriso é mais luz a me cegar
Mais luz a humilhar a estação
Essa primavera já quase esvaída ante tua esplendorosa formosura

O negro lume de tua tez veludo alucina minha mente
E ao roçar minha insípida tez leva-me à insanidade
Pensamentos de devassidão, enlevos de loucura me invadem
Sequelas dessa paixão desmedida por ti

Tua ônix exuberância inspira-me desejos, sonhos de despudor
Tal noite sem lua
Sonhos daqueles de quarto escuro, sob molhados lençóis
Encharcados por nossos suores, nossas salivas, nossos licores de indecente inocência

Sem falar em teus seios
Essas jóias reluzentes da celestial criação
Perfeitos!
Sempre um passo à frente da evolução
Imponentes!

E o teu andar, teu magnífico rebolado, tua ginga incandescente
Ímpios pecados dessas tuas ancas inebriantes
Desses teus glúteos estonteantes, disparate da sublimidade


Ah! Como te amo, princesa de ébano
Tanto amor que devo incessantemente brindar tua perene magia
Não só nesse momento de entrega, mas sim, a cada amanhecer
Por todos os anos que ainda me restam

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

FIM!


Luz da manhã
Mentira morta
Manhã de tormenta, noite rebenta
Vida de tempestade
Agora aqui, cansado
Longe do fardo de minha vitória
Quase morto nessa estrada
E ela (a morte) apontando pra mim
Caindo eu, sem a compaixão de vós
Criando asas, rumo à estrela negra
Cara a cara com os vultos da verdade
Sem o fim do éden prometido e tratado
No final do apenas morrer
Chegando aos braços da mãe escuridão

SEM RAZÃO


Sem regresso, sem nada enxergar
Agora, na primeira neve do meu adeus
O inverno triste, as estações se foram
Sem regresso, sob a luz do não ser
Do não estar pra ti
Sem ter tu'atenção nem teu amor
Sou apenas um selvagem
Sem razão
Sem mergulhar em teu jardim
Louco, perdido no tempo
Solitário na brancura do vazio

sábado, 5 de novembro de 2011

ESTRANHO INVERNO


Estronda a tempestade
Cobre o Sol
Anuncia a mudança
Vejo um gris prateado
Chuva fantasma surpreende a estação
Após a chuva vem o mistério
E nubla a miséria das culpas de minha vida
E essa misantrópica melancolia?
Maldita melancolia de meus erros
O mundo, de meu exílio não vejo
Nem teu corpo quente sinto
Tampouco teus olhos lançar arco-íris nos meus
Vultos dessa chuva temporã
No julho amargo de minha solidão
Tempestade de medos
E a morte já em meu encalço
Meu rastro na areia do tempo
E eu, sem teu corpo quente
Na saudade desse triste adeus

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

MODINHAS


Estereótipos são confundidos pelas semelhanças e depois ignorados pela pouca importância.

domingo, 23 de outubro de 2011

7 CABEÇAS


Agora choro
Vivo o abismo de tua partida
Uma queda sem fim por entre os espinhos
Machuca, rasga e nunca que sara
É assim a saudade
Que toma posse já no adeus
Essa górgona maldita que sempre renasce
Ladra de nossas lágrimas
Que as rouba aos cântaros
E deixa o féu em nossas razões
O sôfrego aperto em nossos corações
Esse monstro septucéfalo
Habeas corpus de vis demônios
Da apatia, da angústia, da tristeza e do pranto
Da depressão, da dor e da morte
Ela (a saudade) com seus tantos olhares petrifica e gela
Nos torna fria lápide estátua
E nem mesmo as mais doces lembranças
Aquelas, da nossa paixão arraigada
Livra o tanino da lonjura
Desta megera resta saber a esperança
Que o amor a faz mortal
E a manda ao inferno
Ao toque do reencontro

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

PRA SEMPRE

Sozinho aqui
Sob esta pedra fria
Abandonado
Condenado a desistir
Lembro de ti
Lembro de mim
Lembro de nós dois
Lembranças de teus incandescentes sorrisos
E do nosso amor
Das chamas que envolviam meu coração
Esse coração agora gelado
Eternamente gelado
Como se o inverno fosse aqui
Pra sempre
Na solidão de minha nova morada
Sob trevas
Apodrecendo no frio da terra quente
De volta ao uno do nunca mais
Solitário como nasci
Para sempre

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

OBRIGADO


O Eco de Sorrisos fez um ano e nesse ano minha vida muito mudou. Fiz muitos e novos e maravilhosos amigos. Deixei a depressão. Abandonei as decepções. Excluí totalmente de minha vida a tristeza e a solidão. Depois de vinte anos sem escrever voltei com tudo. Foram mais ou menos trezentas composições, entre poemas e crônicas e neles estão minha vida, quem sou, o que aspiro, tudo o que sinto. Ou quase tudo. Conheci, também neste ano, meu grande amor, minha amada Isabella, o motivo principal de minha tão imensa felicidade.

Sei que serei injusto, mas não lembrarei de todos a quem devo minhas honras, pois, foram muitos os amigos que me acompanharam nessa jornada e, neste momento, encontro-me deveras emocionado.

Primeiramente, devo agradecer à genial MarianaLuz (da minha vida), pois foi ela a minha grande incentivadora e quem me ajudou a criar o Eco de Sorrisos, mulher divina por quem tenho imensurável admiração.

Aos amigos Betinho, Reinold (o mais louco dos mortais), Heyder, Rosangela (a Ro que amo tanto), Lê ( um demônio de morena), Andressa, Allany (a maior frequentadora do Eco), Barraco das Ideias, Marcela (o meu amor de Brumadinho que nunca esqueço) Eric, Viviane, Mary (da Diadema sangrenta, rs), Lane, Daiane (minha poetisa predileta), Melissa, Iri, Elaine e mais uma porrada que sabe estar em meu coração.

Agradeço, especialmente, aos meus filhos Vitor e Gabriele que são geniais (ambos herdaram a inteligência do pai) kkkkkkkkkkk. E a beleza também.

À Isabella sou grato eternamente pois é ela quem segura a minha barra e não deixa, um só minuto, de me dar todo seu amor (vamos juntar os panos de bunda em breve. Eeeeeeeeeeeeee).

E o mais importante de todos os agradecimentos vai às pessoas anônimas que acessaram meu blog durante esses doze meses.

Valeu galera!!!

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

O ATEÍSMO NADA TEM A ME OFERECER


O ateísmo não me oferece nada
Nunca o fez e nunca o fará
Não faz eu me sentir bem nem me conforta
Não está lá para mim quando estou doente
Não intervém no meu tempo de necessidade ou me protege do ódio
Não se importa se eu falho ou venço
Não enxuga as lágrimas dos meus olhos
Não faz nada quando eu não tenho para onde ir
Não dá palavras sábias ou conselhos
Não tem professores para me ensinar
Não me mostra o que é bom ou ruim
Nunca inspirou ou animou ninguém
Não me ajuda a alcançar meus objetivos
Não me manda parar quando estou me divertindo
Nunca salvou nenhuma alma
Não leva crédito por nada que eu faça
Não me faz cair de joelhos
Não me obriga a acreditar
Não me tortura pela eternidade
Não me ensina a odiar ou desprezar os outros
Não me diz o que é certo ou errado
Não diz a ninguém que eles não podem se amar
Não diz a ninguém que eles estão no lugar errado
Não te faz pensar que a vida vale a pena ser vivida
Não tem nada a me oferecer, é verdade
Mas o motivo que o ateísmo não me oferece nada é porque eu nunca pedi
O ateísmo não oferece nada, porque não precisa
Religião promete tudo porque você quer
Você não precisa de religião ou fé
Você só quer isso porque você precisa se sentir seguro
Eu quero sentir a realidade e nada mais
O atéismo me oferece tudo que a religião um dia roubou.”

“Ateísmo é” de Richard Coughlan. (tradução original)

BOM DIA!


Todos os dias recebo 24h, gratuitamente, para conhecer um novo dia. Por isso não tenho mais pressa. Um novo presente desses só vou receber depois dessas 24h e não adianta correr!!!

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

QUERO TEU SORRISO


Quero teu sorriso trator
Fruto desses tão ardentes lábios
E dos teus dentes rutilos, alvaiades pérolas
De um lado ao outro da face
Rosto de anjo que guarda um demônio em ti
Que me arrasta aos grilhões pra dentro do teu olhar
E me faz pensar diabruras
Provar das mais loucas travessuras
Que nem mesmo o mais viril dos orgasmos
Daqueles de estremecer
E, depois, esmorecer abatido
Me expulsa de tuas doces emoções
Quero viver eternamente eu teus olhos
Banido do mundo por teu brilho imantado
Donde a luz de tu'alma a luz de minh'alma
Prisioneiro eu!
Em teus olhos, sim!
E, se for meu destino escapar
Fugir pelos veios de tua tristeza
Por entre lágrimas de adeus
Prefiro afogar-me
Ou ser cativo por todo o amanhã

domingo, 2 de outubro de 2011

REFLEXÃO OPOSTA

Muitas mulheres amam minha indecente verve; muitos alfa também; meus amigos me incentivam; minha dona me acha o máximo (na cama e na lama); meus inimigos me invejam; meu filho me apoia (espero que ele não me interne num hospiciotal); eu amo o que escrevo, é minha vida. Quer mais sorte que a minha?

REFLEXÃO


Meu! Dizem que meus poemas de devoção à Isabella são borderline; que meus poemas góticos são tenebrosos e de pura demência; os eróticos são poesia podre; que pego muito pesado com os sociais; que ainda vou pagar caro por minha heresia e por não temer a uma merda de ser imaginário que não tem nenhum poder sobre minha mente; dizem também que meus poemas sobre natureza são coisas de viado. Oras, Vãotománucu!!!

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

domingo, 25 de setembro de 2011

DESDOBRAMENTO


Resta-me somente uma perene luz
Uma penumbra minguante, um facho apenas
Sonhos confusos de eterna dúvida
O paraíso que lá existe, sob as mentiras
E a minha vida, meus sonhos, chora
Mortos na escuridão de minha erudita ignorância
Ouço acres trombetas e lânguidos violinos
Em fúnebres cânticos de adeus
Entoados às sombras da solidão
Sina de cada um por cá errante andante
Meu espírito intoxicado perece
Contaminado e carcomido por minha semelhante divindade
à mercê de minha pragmática inoperância
Minh'alma desvanece, débil em sua transparente opacidade
Ruma perdida ao abismo da realidade, agora vã
Buscando desvendar os mistérios
As coisas que não pude compreender
Essa queda que não cessa, anjo sem destino
Sem ter a quem arrebatar
Triste desdobramento de minhas ilusões
Aladas fantasias num voo infinito e sem chão
Que acaba ao despertar
Quando um novo sol finalmente surge ao fim dos olhos
Ou no último fio desta minha inútil existência

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

MORRAM DE INVEJA



É, eu consigo prender em feixes os raios do sol nascente
Subo a montanha, de vara em punho e toco as nuvens, já que as mãos não alcançam
A sonata barulhenta do regato anuncia a vida corrida da piracema
Estrelas são meus mimos, a lua - inspiração de meus versos que cantam o amor
Cada gota de saudade que escorre em meus olhos alimenta o mar de paixão onde me afogo
A poesia, mesmo que triste, alegra os corações das almas sensíveis
Todos os dias ouço o trinca-ferro piar, um canto divino que manda ao longe minha tristeza
E traz de volta a esperança. E a torna luz
A certeza de tê-la em meus braços não tarda
Meu amor, mesmo distante, mora em meu coração
E eu sigo cativo em seus olhos, agora sucintos à grandeza do universo sem fim
É assim minha vida (outrora vazia), repleta de magia, disposta a sorrisos
Isenta da angústia de viver a solidão
Meu propósito único é amar indefinidamente, sem descanso e incondicionalmente
Por todos os dias as coisas mais belas
E desposar, em núpcias eternas, o amor de minha amada Isabella

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

ÓCULOS

Te preocupas tanto com tua imagem
Agora isenta de sua míope mazela
Não percebes o quão linda ficaste?
Com teus olhos negros realçados em lentes vitrais
Libertando-me dos estilhaços de minha saudade
Teu cristalino, então diamantino, de tanto brilho
Pujando a força sedutora de tua íris morena
Magia pulsante que me faz escravo teu
E torna-te detentora de rara nobreza
Com esse ar superior e essa tão doce maturidade
Sem mais aquele teu semblante de menina
Como diva de meus sonhos
Ninfa de meus fetiches
De minha loucura, meus pensamentos de devassidão
E de minha luxuriosa insensatez
Tu, de óculos, executiva de meu falso pudor
Executora sagaz de meus incandescentes desejos
De salto alto, meia fina, saia justa
E blusa cavada, ênfase de teus nobres seios
Oh! Minha camena, deixa fluir!
A certeza desse teu olhar junto ao teu enigmático andar
Largando um rastro de feitiço
Donde salivam homens. Muitos. Todos. Feito lobos
Bobos, boquiabertos, entregues
E eu, feliz com a sorte do teu sorriso
Vagando em núbias cantatas
Entorpecido por teu amor severo
Certo que tu és uma mulher fatal

sábado, 17 de setembro de 2011

ENTÃO FODA-SE!!!


Não tenho nem como aventar a possibilidade da existência de algo criador, onisciente, onipotente e onipresente, pois, cairia numa hipérbole paradoxal

POVO MARCADO, POVO FELIZ



É lógico que os covardes, preguiçosos, doutrinados e alienados, que são a maioria dos seres humanos, nem tentam fazer valer seu livre arbítrio. É mais confortável seguir o rebanho. Não precisa fazer esforço. Agrada ao resto da manada. E passa a vida hora resmungando hora ruminando.

terça-feira, 13 de setembro de 2011

HIPÓCRITAS


Deus olha por nós

Jesus olha por nós

Anjos olham por nós

Até o Diabo esta de olho

E quem é que olha pelas crianças famintas, curradas, escravizadas e assassinadas?

EVOLUÇÃO


A evolução humana deve-se única e exclusivamente à rebeldia de poucos.

domingo, 11 de setembro de 2011

CONTRAPONTO


A ciência, paciente, prova suas inverdades

A fé, insistente, eterniza suas mentiras

MARIDO TRAÍDO


Acreditar em deus é como ter a esposa infiel: Você será o último a saber que está sendo enganado

D N A


Jesus é filho de Gepeto!

Tem o nariz enorme e a cara de pau 

PRÊMIO


Dou um milhão a quem me apresentar um manual de mentiras e atrocidades mais completo que a bíblia sagrada

FIDELIDADE



Fazer amor com a mulher amada é a melhor coisa que existe.

Que culpa tenho se amo a coletividade feminina

sábado, 10 de setembro de 2011

INAUGURANDO MINHA SEÇÃO "INSANIDADES"


"Como nasci de uma trepada quero morrer trepando.
É a única coisa que garante a vida e me leva ao céu"

CAPACHO


Agora passaste os limites
Tudo bem retalhares minhas costas
Com essas tuas navalhas digitais
Tudo bem me algemares à cama
E me chicoteares sem indulgente remorso
E me encheres o corpo de hematomas
Não vou citar minha falta de ar nem minhas constantes cãibras
Tampouco a sonolência exacerbada que me assola
Ou mesmo o membro desfalecido, pedindo trégua
Tal o atrito desse teu frenético vai-e-vem
Tu mordes meus lábios até sangrar
Pisas em meu peito com teu salto 15
Me obrigas a beijar-te os lindos pés 33
Esmurras meu abdome e chutas minha bunda
Além disso, sexo, sexo e mais sexo
Insaciável, incansável, inconsequente
Estou quer não aguento mais
Sufocar-me até exaurir-me as forças é loucura tua
E essa mistura explosiva?
Sexo, Viagra e rock'n roll são letais...
Mas quereres que eu bata em tua cara
Quereres que eu te xingue, que eu te cuspa
Isso nem pensar
Nem fodendo!
Jamais me perdoaria por agredir minha dona
Isso nunca!

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

40 SEMANAS


Azia, gastrite, noites sem dormir
Fruto da ansiedade que meus dias domina
Tal ceptiva progressão geométrica
Um, dois, quatro, oito, dezesseis...
Dois elevado à sei lá quanto
O ventre avança (e eu já me mudei pro sofá)
E estufa o umbigo dessa encantada criatura
Seu protegido, amado sem igual
Em marsupia lacrada, no âmnio amor
Criando forma, chupando o dedinho
Em cárdio batuque fugaz
Flagrado no gel da ultrassônica ausculta
Regido sob a batuta da mãe natureza
Na perfeita certeza que a vida é bela
Como é bela a metamorfose de minha amada
De pés e lábios inchados
E barrigão enorme
De sorrisos imensuráveis, já em dobro
As mãos nas cadeiras, os peitos fartos de colostro
Pra sustentar o peso da luz que não tarda
Eu aqui, cheio de dedos
De cuidados, carinho e paixão
Fingindo estar nem aí, é claro
Mas roendo as unhas
Estalando os dedos
Repleto de tiques
Torcendo pra que saia à mãe
Lindo, feliz, humilde
Soberano de minh'alma
Nem me importa se menino ou menina
Importa o tamanho de minha alegria
Que cresce cantada dia a dia
Tal aritmética progressão
Até o infinito em quarenta semanas
Confirmando, assim, minha eternidade

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

SAUDADE, VOCÊ ME PAGA!

Meus versos perdem a cor
Desbotados de saudade, essa vil megera
A pena, já falha de tinta seca
Errante, mesmo que as linhas insistam retidão
Trêmulas por minhas mãos chorosas
O fino papel, agora amarelecido pelo tempo
Cansado das rugas forjadas por áridas lágrimas
E minha verve, desconexa, detém-me a inspiração
Confundo amor com dor, paixão com solidão
Prefiro a morte à vida
O silêncio à bradar meus sonhos nos teus braços
Ébrio neste vinho vermutado, salobro
Da garrafa verde, esquecida no canto amargo
Donde, um dia, teu sorriso adoçou minh'alma
Da taça, em teias exilada e rubras evidências
Em minhas lembranças não vejo a primavera
Nem a candura da lua ou das estrelas o silêncio
O canto do trinca-ferro é cavo, sem graça
O pio do mocho, chocho, já não me assusta mais
Tudo está apagado, recluso na escuridão
Mas antes que a Terra translade seu ciclo hei de novamente sorrir
Rir a toa, eu sei
E o arco-íris tornarei rabiscar
Sei que em breve em teus lábios estarei
E a tristeza, outra maldita, afogarei
Feliz, à saudade da saudade brindarei
Ah, saudade!
Você ainda me paga

domingo, 4 de setembro de 2011

TEU PICHU



Aiaiai! Me diverte a ilusão da feminilidade
E a futilidade da negação também
Torrando ao sol feito charque
Besuntadas com óleo de urucum
A cara borrada de cores insensatas
E inexatas fragrâncias de nauseantes tons
Farsantes tal a eximir o perfume de mulher
Do seu cheiro tentador, fonte de meus desejos
Que dispara a tempestade em meus hormônios
Fruto da indecência de seus feromônios
E as tornam feras bandidas, ladras de corações
Resquício sequer de sua natureza resta
E sua beleza não presta, é torpe marionete

Quando as vejo de cabeleira piramidal
Sinto um mal sinal
- Lá vem mentira!
Tal Gizé, com cara de pétrida felina
Madeixas pesadas, sem vida, ao ferro quente fritadas
Concubinas de um preventivo capuz
Que viv'alma não seduz , homem algum acha graça
A protegê-las até mesmo de pífia serração
E privá-las do esvoaçar eletrostático

Adoro teus cabelos pichaim
Assim, cheios de ondas e caracóis
Volutas e vórtices
Abraçados ao genético bronze de tua magnética tez
Que, como torquêz, me arrasta aos teus polos
Norte e sul - louco
Cima embaixo - apaixonado
Quero teu hálito sonolento em minha boca
Teus seios nus, pontiagudos em meu peito
Eriçados de tesão
Teus olhos, donde sou prisioneiro, ainda meio remelentos
Com teus crespos cachos te dando volume
Eu, incólume, neles embaraçado, ao despertar
Esse teu pichu, feito ninho de marimbondo, a me encantar
Teu veneno a me entorpecer, quase moribundo
A ponto de, da cama, nunca mais querer levantar

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

DEZEMBRO


Dezembro virá breve
Radiante, repleto de desejo
E de certeza, de ti em mim
De tantos beijos e orgasmos
De luxúria e sarcasmo
Ao sacarmos nossa louca paixão
No tesão nos completarmos e contemplarmos a tão sonhada união
Ébrios no tinto gelado
Em tiques sacanas das bolhas espumantes
Vagantes do gozo sob os lençóis
As paredes - aquecidas pelo calor do sol lá fora
Fervidas cá dentro pelo fogo do nosso amor
E do suor vindo das profundezas de nossos vulcões
Longe das efêmeras razões
Prófugos de nossas sagradas emoções não mais
Entregues à avareza dessa insana clausura
Nus, tal amantes do éden
Sem ninguém a segurar os testículos
Ou vomitar versículos em nossos céticos ouvidos
Eu, finalmente liberto em teus olhos
E em teu sorriso sorrindo feito espelho
Refletindo a alegria dos teus braços, ciumentos a me afogar
Benditas, a me afagar a face, tuas mãos
De toque framboesa, como teus lábios
Teus sábios melões em minha boca, puntiformes
Teu fruto proibido cuneiforme, lascivo, safado
Encharcado em teu fecundo licor, a me endoidecer
Até o nascer da nova era, marcada ao réveillon
Oxalá sem górgonas ou quimeras
E muita água gelada a extirpar-me as olheiras
Embebida em teus cachos encantados
Saudosos da alterosa cordilheira