sexta-feira, 9 de setembro de 2011

40 SEMANAS


Azia, gastrite, noites sem dormir
Fruto da ansiedade que meus dias domina
Tal ceptiva progressão geométrica
Um, dois, quatro, oito, dezesseis...
Dois elevado à sei lá quanto
O ventre avança (e eu já me mudei pro sofá)
E estufa o umbigo dessa encantada criatura
Seu protegido, amado sem igual
Em marsupia lacrada, no âmnio amor
Criando forma, chupando o dedinho
Em cárdio batuque fugaz
Flagrado no gel da ultrassônica ausculta
Regido sob a batuta da mãe natureza
Na perfeita certeza que a vida é bela
Como é bela a metamorfose de minha amada
De pés e lábios inchados
E barrigão enorme
De sorrisos imensuráveis, já em dobro
As mãos nas cadeiras, os peitos fartos de colostro
Pra sustentar o peso da luz que não tarda
Eu aqui, cheio de dedos
De cuidados, carinho e paixão
Fingindo estar nem aí, é claro
Mas roendo as unhas
Estalando os dedos
Repleto de tiques
Torcendo pra que saia à mãe
Lindo, feliz, humilde
Soberano de minh'alma
Nem me importa se menino ou menina
Importa o tamanho de minha alegria
Que cresce cantada dia a dia
Tal aritmética progressão
Até o infinito em quarenta semanas
Confirmando, assim, minha eternidade

2 comentários:

  1. Oh, Querido, que imensa alegria compartilhas comigo! Agora se fazem bem entendidas as tuas silenciosas aparições...mereces, mereces o maior de todos os prêmios que o ser pode ganhar. A possibilidade de através do amor, estabelecer a continuidade da vida. Que os nossos rebentos sejam sempre melhores do que nós. E que lembremos sempre de praticar a felicidade com e por eles.
    Só para que conste: eu sou a anônima Daiane.

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  2. Luh, do céu, tu é incrível.
    Anos se passam, eu demoro a vir aqui, e quando venho, continuo boquiaberta com a tua capacidade intelectual e maneira que tu nos proporciona momentos de puro prazer literal!
    Saudadeeee...

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