domingo, 4 de setembro de 2011

TEU PICHU



Aiaiai! Me diverte a ilusão da feminilidade
E a futilidade da negação também
Torrando ao sol feito charque
Besuntadas com óleo de urucum
A cara borrada de cores insensatas
E inexatas fragrâncias de nauseantes tons
Farsantes tal a eximir o perfume de mulher
Do seu cheiro tentador, fonte de meus desejos
Que dispara a tempestade em meus hormônios
Fruto da indecência de seus feromônios
E as tornam feras bandidas, ladras de corações
Resquício sequer de sua natureza resta
E sua beleza não presta, é torpe marionete

Quando as vejo de cabeleira piramidal
Sinto um mal sinal
- Lá vem mentira!
Tal Gizé, com cara de pétrida felina
Madeixas pesadas, sem vida, ao ferro quente fritadas
Concubinas de um preventivo capuz
Que viv'alma não seduz , homem algum acha graça
A protegê-las até mesmo de pífia serração
E privá-las do esvoaçar eletrostático

Adoro teus cabelos pichaim
Assim, cheios de ondas e caracóis
Volutas e vórtices
Abraçados ao genético bronze de tua magnética tez
Que, como torquêz, me arrasta aos teus polos
Norte e sul - louco
Cima embaixo - apaixonado
Quero teu hálito sonolento em minha boca
Teus seios nus, pontiagudos em meu peito
Eriçados de tesão
Teus olhos, donde sou prisioneiro, ainda meio remelentos
Com teus crespos cachos te dando volume
Eu, incólume, neles embaraçado, ao despertar
Esse teu pichu, feito ninho de marimbondo, a me encantar
Teu veneno a me entorpecer, quase moribundo
A ponto de, da cama, nunca mais querer levantar

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