quarta-feira, 17 de agosto de 2011

PRA NUNCA ESQUECER



Ah! Me entorpece a magia dessa cantata
De Schubert, ártica sonata onde flutua meu ser
E às montanhas de gelo me leva
Como anestésico, paralisa minha razão
Me pulsa ao tique do virtuoso mestre
Lança-me aos icebergs do toque de caudas
Ao movimento do gélido regente
A planar em meus ouvidos descrentes
No frio deste inverno, só nós dois
Em agnósticos arrepios
Profanos calafrios, delírios mundanos
Na taça de tinto tragada
Largada sobre o tapete, entornada
Ao calor do doce cacau, arauto de Afrodite
Ufano mensageiro da diva Nefertiti
No sabor do fondue debochado de brie
Servindo-nos um ao outro
Na boca, entre um beijo e outro
E, sob as mantas da luxúria, aquecidos
Tanto fogo, tanta energia
Quanta paixão
Arfantes, corpos suados, entrelaçados
Extenuados ao gran finale
Já quase adormecidos
O dia quase amanhecido

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