segunda-feira, 22 de agosto de 2011

PASSANDO POR CÁ


Sexo bruto, sujo, sem amor
Macho, fêmea, pseudoamantes
Prole enfim
Sombria conceição
Apenas hormônios à flor
Aleitado pela mama desalmada
Desmamado, cresci criança
Chorando
Sorrindo
Vivi precoces paixões
E emoções mil
Molecagens e dogmas
Traquinagens ou doces
Pesadelos e sonhos
Impetrados em meu ser escravo
Questionados em meu livre pensar
O tempo, rumo à hipocrisia dominante
Então o trabalho
Por imundo papel
Senhor do mundo
Velhos medos
Novas culpas
E o temor ao mestre das bolhas de sabão
Casa
Carro
Shopping
TV de plasma
Pasma alienação
Poder!
Decepção e desesperança
Vergonha de minha humanidade divina
E minha semelhança fantasma
Visões em meus grisalhos e rugas
Hipertensões, amálgamas amargos
Certeza que ao mundo vim só
Passando por cá, só, estou
E só partirei
Sem nada que possa levar
Nem alguém a me acompanhar 

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