segunda-feira, 1 de agosto de 2011

32 MINUTOS


32 minutos ao telefone.
Míseros 32 minutos.
Sabem o que é isso?
O tempo que fiquei com meu amor ao telefone.
Depois de dias e dias sem poder falar-lhe, finalmente, a angústia se foi.
A alegria em ouvir sua voz foi algo indescritível, mas nada comparável à felicidade externada por Isabella. Sua ansiedade era tal que eu mal conseguia entender suas palavras, ditas de forma desconexa e fugaz, sem tomar fôlego. Por vezes tive que pedir-lhe para que se expressasse pausadamente, entre respirações e ela, por vezes, não foi capaz de conter a saraivada de carinho a mim, como se fosse uma metralhadora. Foram muitos "ãs", "o quês". Muito engraçado. Eu ria muito.
Falamos de nosso sofrimento por culpa das distâncias que nos separam, de nosso amor exagerado, da felicidade por estarmos, a cada dia, mais próximos, mais unidos, mais apaixonados, mesmo bombardeados por contratempos, preconceito e intolerância. Falamos do cachorro estressado do vizinho, de amigos oportunistas e desrespeitosos. Falamos do absurdo estado de desejo que ficamos apenas por ouvirmos a voz um do outro.
Foram incontáveis juras de amor nesse curto espaço de tempo.
- Eu te amo!
- Eu te amo!
- Eu te amo!
Dissemos, um ao outro, alternadamente ou em uníssono. Muito bom. Muito legal. Mágico! Nada como matar as saudades. Nada como ter a certeza de sermos amados tão calorosamente. Mesmo que por telefone. Mesmo a quilômetros de distância. Afinal, foi essa a ideia de Grahamm Bell. Criar um aparelho que encurtasse as distâncias através do poder da palavra.
Enquanto bilhões de humanos suplicam aos céus para que um ser fictício amenize as dores ocasionadas por sentimentos angustiantes (entre eles, a saudade), eu resolvo meus conflitos digitando 8 algarismos apenas, num aparelho criado pela genealidade humana.

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