domingo, 16 de janeiro de 2011

CATTLEYA LABIATA


Ela anseia por tratos para florir nos verões
Sua natureza a faz dependente do ser que a sustenta
Mas não que alimenta, guerreira que é
Suas juras de fibra são para sempre, mas o sempre não vinga
Matura suas estrelas em cacho, penacho de sonhos
Expões seus labelos, por onde jorram pesadelos
Desejos de amor e luxúria
Por toda sua vida amarra fiel as raízes ao amado
Que hoje já não dispõe do mesmo vigor
E seus licores se espalham pelas ondas do ar
Arrastam beija-flores que buscam ilusão
E como um anjo mimado ele vem e se aninha em seu colo
Com adaga em punho investe em seu néctar
Suga, lambuza, deleita-se apaixonado
E parte, pois, sorrindo orgulhoso
Já ansioso, certo da volta, empoeirado de esporos
Proferindo ao vento os perfumes da amada
Que feliz não arreda pé
Exuberante em sabedoria, inabalável em sua fé
Infinita costela de seu hospedeiro
Magia singela aos olhos dos jovens
Delícia eterna de um amante alado

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