sábado, 18 de fevereiro de 2012

VIOLINDO

Tenho um prazer imenso como tenho no orgasmo
E fico pasmo ao ouvir essas lúdicas vibrações
Impudicas ilusões vêm-me do fundo da alma
Em mim reina, então, a calma, a paz que da tua vem
E esta tua alma rege cordões de sutil formosura
De harmonia, altura, timbre, altivez sem par
Taciturno, ouço a melancólica solidão da última folha que cai
O desejo me atrai, a saudade me trai, o frio, então, chega
E toca-me o gélido ar das noites sombrias
Auroras vadias de tantos sóis noturnos invadem o céu
Os dias passam lentos, até a vinda das flores cantando as boas novas
Em prosa e verso, verso e prosa chegam vespas
Tilintando, cheias de pólen
Espalhando o brilho de um novo amanhecer
Até o romper do sol maior
E junto dele as nuvens
Breves, jovens, a encharcar os grotões
Essa deslumbrante maravilha ao som das estações
Aquelas de Vivaldi, escorrendo ao luar
Esse encanto que surge ao dedilhar da divina morena
O feitiço que urge, sangrando em seus olhos negros
E sangrando-me as costas com suas garras felinas
Tal lâmina afiada correndo sobre o fio tensionado
Eu, feito menino: disperso, abobado
O paraíso afinado, o universo brindado nas cordas de seu violino

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