terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Impressionismo


Um amor Monet vislumbrei de longe,
e tanto e como, perdi-me perto
e tonto e certo, cedi-me ao seu jardim


em meio às suas tintas, às suas cores,
seus licores, seu meio-tom
perfundiu meus sonhos daqui secretos
dali, eternos, meus elefantes flutuantes
e como era dantes, fui jogado no não


Desejo par de suas orelhas,
a cada meia taça
na descida dos copos
no vermelho que enfeita os copos
e o sal que convida os corpos


Um amor Monet que impressa pensamentos
sufocos lentos ao anoitecer
fadado a contemplar na escuridão

Obra de Vitor Henrique - meu filho

FÉ DEMAIS FEDE MUITO



O mais triste na crença em tolices é que o cristianismo, como qualquer mitologia imbecilóide, tende a desaparecer e gerações futuras  terão como divindades: Ronaldo - o fenômeno putanheiro, Sócrates - o douto bebum,  Casagrande - o filósofo nóia, crack neto - o milagre anencéfalo e Adriano - o imperador das contravenções.


Vai CUrintia - minha riligião

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

ÉS TU



Tu não és nem grão

Este planeta, no caminho do leite, também não


O sol nem poeira no universo é


És apenas parte de um limite reverso


E irás, um dia, até as fronteiras do infinito


Tornarás à singeleza do ínfimo


No vai-e-vem caótico da entropica criação


Ao cingir da luz que nada lumia


Filho de um eterno breu


Onde não há arquiteto


És acaso de um minueto


De métricas regras que pouco importam


És parte de toda beleza


Mesmo em sua insignificante realeza


Fazes parte, és partícula, és fase


Fração de uma rebeldia movediça


És fogo que arde


E o paraíso?


É a triste inutilidade

sábado, 18 de fevereiro de 2012

VIOLINDO

Tenho um prazer imenso como tenho no orgasmo
E fico pasmo ao ouvir essas lúdicas vibrações
Impudicas ilusões vêm-me do fundo da alma
Em mim reina, então, a calma, a paz que da tua vem
E esta tua alma rege cordões de sutil formosura
De harmonia, altura, timbre, altivez sem par
Taciturno, ouço a melancólica solidão da última folha que cai
O desejo me atrai, a saudade me trai, o frio, então, chega
E toca-me o gélido ar das noites sombrias
Auroras vadias de tantos sóis noturnos invadem o céu
Os dias passam lentos, até a vinda das flores cantando as boas novas
Em prosa e verso, verso e prosa chegam vespas
Tilintando, cheias de pólen
Espalhando o brilho de um novo amanhecer
Até o romper do sol maior
E junto dele as nuvens
Breves, jovens, a encharcar os grotões
Essa deslumbrante maravilha ao som das estações
Aquelas de Vivaldi, escorrendo ao luar
Esse encanto que surge ao dedilhar da divina morena
O feitiço que urge, sangrando em seus olhos negros
E sangrando-me as costas com suas garras felinas
Tal lâmina afiada correndo sobre o fio tensionado
Eu, feito menino: disperso, abobado
O paraíso afinado, o universo brindado nas cordas de seu violino

MASMORRAS?


De todas as imbecilidades que ouço, uma me chamou a atenção, nesta semana.
Um dito jurista, querendo aparecer, se aproveitando do circo que a mídia fez em torno do caso "Lindemberg x Eloá", disse que os presídios brasileiros são verdadeiras masmorras. Aí eu pergunto: - Onde estão localizadas essas masmorras?
O preso brasileiro que cumpre pena tem em sua rotina diária: café da manhã, almoço, café da tarde, janta, horário para TV, carteado, futebol, banho de sol, visita íntima, acesso à celulares, cigarro, festas de aniversário, salário-prisão, indultos diversos, inclusive no dia do aniversário do cachorro do companheiro de cela. Além disso tem direito a redução do tempo da pena em um dia a cada 3 dias trabalhados.
Por acaso, o trabalhador, brasileiro, este pobre cidadão que cumpre suas obrigações, mantém a economia do país em plena atividade, o desenvolvimento do país em alta, tem algum desses privilégios? O trabalhador brasileiro tem reduzido o seu tempo de serviço em um dia a cada 3 dias trabalhados?
Um preso neste país custa muitas vezes mais que um jovem estudante ao estado. Um preso custa mais que o salário médio de um policial militar. Esse funciona´rio público que deveria estar na função de proteger a população, mas que, na maioria das vezes, não passa de mero segurança de padarias a troco de míseras coxinhas.
Não seria mais lógico e proveitoso ao estado que a cada dia não trabalhado o preso inútil somasse à sua pena 3 dias? Tenho certeza que, se assim fosse, ninguém mais quereria ser preso. Não seria justo que o preso sustentasse sua família com seu trabalho, ao invés de nós, que somos suas vítimas? Não seria justo que o preso não tivesse direito a banho de sol, carteado, peladas de futebol, sexo e outras mordomias que o trabalhador honesto não tem o direito de gozar? Não seria justo que o preso não tivesse direito algum a não ser o de cumprir sua pena em sua totalidade?
Onde estão as masmorras, Sr. Imbecilóide?
Vou dizer onde estão: O cidadão brasileiro honesto é obrigado a ter muros altos em suas casas, portões e grades de aço, cercas elétricas, câmeras de vigilância, cães de guarda, vigilantes noturnos, alarmes, carros blindados e outros acessórios para tentar garantir sua segurança, cousa que deveria ser garantida pelo estado, visto que, parte dos exorbitantes impostos que paga é teoricamente direcionada para tal finalidade. E dentro dessas prisões que se tornaram as residências dos cidadãos corretos e cumpridores de seus deveres, conforme determina a lei, existe todo um pacote cultural da idiotização, tais como, BBB, Faustão, Gugu, Luciana Gimenes, Xuxa, Zorra Total, Pânico na TV, programas evangélicos diversos, etc, etc e etc...

ISTO SIM É QUE É VIVER NUMA MASMORRA, SR. IMBECILÓIDE.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

RIO DE MINHA DESGRAÇA


Minha barriga dói tanto que choro
De tanto gargalhar quase morro
Falta-me ar e a todos espanto
Como pode alguém rir em pranto?
Rio chorando porque rio antes
Dessa minha tristeza por estar tão distante
E a maldita maldade que ri sem motivo
É o que me faz forte, me mantém vivo
Pois toda saudade sempre tem fim
E a minha acaba quando sorris diante de mim
E mesmo que ela ria de meu sentimento
Também rio dela a cada momento
E ao final também rirei
Junto de ti sei que estarei
Essa saudade de ti é de meus males o menor
Pois quem ri por último ri melhor

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

FEZES


Da tua ignorância e covardia
Em buscar o que é teu
A escancarada verdade
Une-te aos temor de tuas mazelas
Ao invocar, rastejante, o senhor das guerras
E por rastejares, te embrenhas, espreitas
Consiso do teu perdão sem valor
Tua indulgente perfídia
Sem olhares pra dentro de ti mesmo
Nem sequer veres a imundície de tua consciência
O teu medo tão grande do nada pos mortem
Te pões de joelhos clamando por misericórdia
E camuflas em tua carapuça o vírus letal que és
És cópia cuspida do deus que criaste
Forjaste insensatez divina pra livrar-te da culpa
Como se tal limpasse tua  podre alma
Genufletir-te com os olhos aos pés
Lamber a fétida cruz de chagas
Erguer as mãos aos céus
Nada disso te fará melhor
És tão somente ovelha esquizofrênica
Apenas fezes dos vermes de teus sete palmos abaixo

QUESTÕES


Estrada corrida cada passo
Dos meus porquês de criança
Da minha busca pelo não sei
Agora que eles se foram
Nos braços de outros talvez
Alguns que tentei
E outros que lá deixei
No lucro de minhas saudades

Águas do mar de minhas lágrimas
E da terra insólita de meus sorrisos
Que poucos não foram,
Mas foram em vão

Meus carvalhos, poetas, filhos e amores
Uma vida toda
E de rancores circunstantes
Guardados na velha poeira
Perdidos no ópio de um deus apóstata
Na símia mentira heliocentrista

Sei um ser especial não ser
Não sei nem devo saber
Sou pulga no ponto azul brilhante
A cada dia distante da criação
Imerso na escuridão do caos
Morto antes do fim
Mesmo assim luído, sou naco do todo
Sou nada no tudo
Eterno na plenitude de minha descendência seleta

domingo, 5 de fevereiro de 2012

UTI ONOMATOPÉICA


Ai! Ai!
Ui!
Atchim!
Cof, Cof!
Blin Blin Blin Blin!
Rheeeec!
Toclof! Toclof! Toclof! 
Tic-tac! Tic-tac! 
Oops!
Ai, ai... 
Hmm... 
Ah!
Tutututu!
Splash!
Glu! Glu! Glu!
Tic-tac! Tic-tac! 
Clap! Clap! Clap! 
Tum! Tum! Tum!
Shhhhh!
Tum! Tum! Tum!
Shhhhh!
Zzzzz!
Beep! Beep! Beep!
Piiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii
Buáááá!

ÉBRIO



E eu aqui sentado, tomando meu vinho
Ébrio já, rodando gelo no copo
Pensando em minha amada que está tão longe
Sofrendo as agruras da solidão


Longe de minha ninfa, Melíade tão distante
Lembrada no espaço desse coração outrora vazio
E agora inundado de ferina saudade
Essa maldita erínia que pune minha heresia


Por duvidar do amor de minha bela sou cativo
Dissoluto nos mares revoltos da tristura
E saturado por essas lágrimas de sangue
Que jorram do meu sofrer, causa de mea culpa


Quero afogar-me em orgias; de Dionisio, o meu senhor
E perder-me nas vinhas, nas uvas, nas garras das quimeras
Sonhar a louca viagem, sem vento e nem tempo
Na busca dessa coisa que me empurra
Rumo ao celeste noivado de Artemis

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

TRAJETÓRIAS






Ela segue sua trajetória de um ponto móvel
sólido e branco-brilhante
ela não encontra a extinção
um sopro cortante esfria seu espectro
as folhas sibilam ante o relampejo do seu olhar
ela encontra suas diversas mortes
vestidos rasgados
desnuda de toda sua púrpura volúpia
seus ossos foram pulverizados
ela se desprende das geleiras continentais
que seguram seu corpo
sua pele alva agora é prata noturna
porém, ainda brilha em sangue
que arde e queima todo seu paraíso.

Por Eric Lima

LAMENTO



-Odeio matemática!
-Odeio física!
-Odeio química!
-Isso não entra na minha cabeça.
-Se deus quiser vou passar no vestibular
-Vou conseguir um bom emprego


Ouço as pessoas dizerem isso todos os dias
Mas essa gente odeia o pensamento
O raciocínio
O intelecto
Não leem um livro sequer por toda a vida
Nem aquele das fábulas imundas e imorais 
Que pousa aberto sobre a mesa
A sequestrar a estática poeira
E o cocô das varejeiras que sentem o fedor ao longe


Esse meu povo que não lê e escreve mal
Que curte funk e carnaval
Que não diz juras à pessoa amada
Mas chora pelo Curintia
E berra, aos faniquitos, o nome de Neymar


É esse povo que amo, mas tenho pena
Que Deus o livre de sua própria ignorância
E o Diabo o carregue às profundezas

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

O GRANDE BANG


A estupidez dessa vossa certeza de utopias
Certeza de sua hereditariedade imunda
E de sua ilógica salvação
Uma imensa vida sem fim e sem função


Eu, de minhas incertezas, indecisões e questões
De minha inteligência incansável
De minha imaginação incessante
A tornar meus conflitos constantes


E essas minhas dúvidas que não calam?
Eliminar de minha mente quem é quem
Com todas as partículas, partícula sou
Particularmente esquecido na poeira


O tapete que se arrasta e me afasta aos confins
De todas essas estrelas que não sei de onde vim
Se foi da dúvida razoável, pra que certeza?
Tenho outros erros a escolher


Vivo desse simplório paradoxo
Visto como besta, a carapuça me serve
Busco a certeza de minhas inverdades
Vós eternizais a mentira na certeza

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

EVOLUÍDO?



Eu plantada aqui



Bastou um raio desse meu deus incansável


Pra que à vida tornasse


E te cobri de sombra e esperança


Pra contemplares o éter anil 


No cáustico verão de tuas lamentações



Eu que desnudei-me no outono gris


E no inverno mostrei-me morta


Fria, seca, triste


Veio, então, a primadona


A florir teus dias


Matar a tua (e a minha) sede


Equir tua fome com meus frutos


Pra que tu geraste os teus


Por todos os anos de minha vida


A cada ano da tua


Tua existente aparência


Teu circunstante vazio