Me vejo agora dançando na chuva
As folhas estão perdendo sua cor
Pétalas choram, flores gritam de dor
A estação da luz se vai, a dádiva da estrela divina se esvai
O sol, outrora tão claro e certo já não se mostra vivaz
À sombra se faz o frio
A brisa já é morna e não mais encanta a praia que deserta
Areias que imergem em melancolia, se perdem sob as brumas
Pobres jardins, famélicos por suas cores
Fugidas ao anúncio da gris garoa
Insistente invasora e algoz do fulgor
Mas o que está por vir tem seus encantos
A beleza do outono seduz os amantes
Que avivam suas almas no fogo que resta
Atiçam as carnes no porvir minuano
Que comuta o carinho em viagens celestes
Como que senhor dos caminhos da paixão
E transforma a relva em paisagem rupestre
Com suas folhas secas e copas desnudas
Convite sedutor, anseio pecador
Ideias, vontades, desejo de amar
A cama quente, o trovão, os lençóis
E a mesa posta ao chá e aos olhares
Frente a frente, loucos de tesão
Separados apenas pelo delicado cristal
Que sustenta eu seu fino canudo toda a pureza da vida
A última rosa do verão
O que faz um poema belo: a estética ou o estilo gramatical? Talvez sejam ambos, mas isso tudo seria inútil se não transmitisse emoção - o que é essencial para um amante da escrita. E isso é o que não falta em seus textos.
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