De suas paixões Ilusões por a morte temer E passar a vida a se esconder Sem sentir o sabor Debaixo de seu próprio tapete A vida passa e com ela suas mentiras A morte não dói nem é fria Ela, o descanso sem luz Ele (o senhor), corruptor dos sentidos E seus mensageiros, arautos da fortuna Usurpadores da inocência Fétidos padres Pastores sarcodes Sacerdotes do lodo Ele que tudo pode os dedos não estala Ele, da magia em avos paga Não 10 nem 20 Seu céu tem seu preço Em moeda sob os joelhos Fascínora dos erros grotescos Fascista das fábulas imorais Que reina nas nuvens do medo E condena por soberba Fraco e impotente ao meu ser Deus morto Eu livre E minha mente repleta de amor Deus morto
Me fazes sorrir quando penso em ti Apesar de muitas milhas longe Muito longe E meu coração solitário Ainda te ama Este palhaço hoje não pode sorrir
Meus braços estão abertos para ti Porque preciso te abraçar mais forte Não podes ver? Tu me deixas sem ar Porque fazes isso comigo? Eu não posso continuar sem ti Eu nunca vou deixar-te mais
Estou tão sozinho, então o que posso fazer? Oh baby, oh baby Estou tão só, tão só para você Oh baby, oh baby
Eu tenho para onde ir E ninguém para me segurar Nada para me manter aqui Eu joguei tudo fora Meu coração está solitário Mas ainda vou tentar Este palhaço hoje não vai chorar
Ares Lament' - Música de Akira Takasaki - Loudness
Aos meus caros amigos leitores venho comunicar, com uma satisfação imensurável, que o Eco de Sorrisos agora conta com mais dois autores de alma iluminada e de percepção e sensibilidade incomuns.
Laary Ribas, meu doce anjo das Geraes
e
Eric Casablanca, meu nobre amigo e herege pensador de Sampa
Liberdade Este pranto De todos os escravos será escutado Os tiranos sentirão o aço das espadas Prisões serão destruídas Por todos os escravos da Terra Para libertar-se de seus fados Para sempre O tempo terá terminado para os tiranos do mundo Seus escravos acudirão à chamada Dando fim a toda esta dor e terror E um fim às suas mentiras e leis Nós levaremos todo seu ouro e dinheiro Pois os homens mortos não os necessitam Por muito tempo sentimos as feridas de seus castigos Como agora sentirão nossas espadas O eterno pranto da liberdade fará eco no céu Chegará o dia que todo o poder cairá Seu sangue correrá até as portas do inferno Donde Satan esperará por suas almas -Reza a teu deus! -Não adiantará pois estarás morto! E não cegará nossa mentes nem nossas almas... Nunca mais! O pranto De todos os escravos será escutado Os tiranos sentirão o aço das espadas Prisões se romperão Por todos os escravos da Terra Para libertar-se de seus fados Pra sempre ser livre Eternamente!!!
Meu corpo é pesado e metálico.
Disperso no ar em fragmentos.
Tentando te encontrar em cada fria palavra.
Em cada abraço que ainda não foi dado.
Minha respiração é artificial. Sou o impulso que faz o coração jorrar
O jato de sangue nas paredes frias e brancas.
O seu cigarro a terminar.
Sem teu amor sou cão sem dono
Sou fruto do ocaso Acaso de uma existência chinfrim
Sou noite em cama neutra
Frio e intenso de escuridão
Diferença ao mundo não faço
Nem sequer sou notado
Coitado? Não mereço compaixão
Sou fruto do ocaso
Longe de teus beijos
Do teu calor ensandecente
De tu'aura incandescida Sou iceberg
Vagando a esmo
Pétrido num mar de lamentos
Batendo lá e cá
Rompendo encostas e sem rumo
Sou como o ar rarefeito do Everest Não há vida que suporte
Estou morrendo de tanta tristeza
E a luz já minguante, tão distante
Quando enfim se esvair
Será meu descanso
Para viver um grande amor, preciso é muita concentração e muito siso, muita seriedade e pouco riso — para viver um grande amor.
Para viver um grande amor, mister é ser um homem de uma só mulher; pois ser de muitas, poxa! é de colher... — não tem nenhum valor.
Para viver um grande amor, primeiro é preciso sagrar-se cavalheiro e ser de sua dama por inteiro — seja lá como for. Há que fazer do corpo uma morada onde clausure-se a mulher amada e postar-se de fora com uma espada — para viver um grande amor.
Para viver um grande amor, vos digo, é preciso atenção como o "velho amigo", que porque é só vos quer sempre consigo para iludir o grande amor. É preciso muitíssimo cuidado com quem quer que não esteja apaixonado, pois quem não está, está sempre preparado pra chatear o grande amor.
Para viver um amor, na realidade, há que compenetrar-se da verdade de que não existe amor sem fidelidade — para viver um grande amor. Pois quem trai seu amor por vanidade é um desconhecedor da liberdade, dessa imensa, indizível liberdade que traz um só amor.
Para viver um grande amor, il faut além de fiel, ser bem conhecedor de arte culinária e de judô — para viver um grande amor.
Para viver um grande amor perfeito, não basta ser apenas bom sujeito; é preciso também ter muito peito — peito de remador. É preciso olhar sempre a bem-amada como a sua primeira namorada e sua viúva também, amortalhada no seu finado amor.
É muito necessário ter em vista um crédito de rosas no florista — muito mais, muito mais que na modista! — para aprazer ao grande amor. Pois do que o grande amor quer saber mesmo, é de amor, é de amor, de amor a esmo; depois, um tutuzinho com torresmo conta ponto a favor...
Conta ponto saber fazer coisinhas: ovos mexidos, camarões, sopinhas, molhos, strogonoffs — comidinhas para depois do amor. E o que há de melhor que ir pra cozinha e preparar com amor uma galinha com uma rica e gostosa farofinha, para o seu grande amor?
Para viver um grande amor é muito, muito importante viver sempre junto e até ser, se possível, um só defunto — pra não morrer de dor. É preciso um cuidado permanente não só com o corpo mas também com a mente, pois qualquer "baixo" seu, a amada sente — e esfria um pouco o amor. Há que ser bem cortês sem cortesia; doce e conciliador sem covardia; saber ganhar dinheiro com poesia — para viver um grande amor.
É preciso saber tomar uísque (com o mau bebedor nunca se arrisque!) e ser impermeável ao diz-que-diz-que — que não quer nada com o amor.
Mas tudo isso não adianta nada, se nesta selva oscura e desvairada não se souber achar a bem-amada — para viver um grande amor. Texto extraído do livro "Para Viver Um Grande Amor", José Olympio Editora - Rio de Janeiro, 1984, pág. 130.