Agora tudo é noite
Fria noite
Das gélidas a eterna
E todos aqui, à minha volta, não olham pra mim
Indiferentes ao meu putrefato ocaso
Todos!
Insignificante naco sem vida
Vida insignificante esquecida
Antes da primavera também fria
Eles (azuis em rigor) sucumbiram, pois
São clones de meu infortúnio
Na escura tábua gelada, meu corpo gelado
E nem lembranças flutuam
Não há luz, tampouco esperança
Apenas os olhos cerrados de quem não está nem aí
Calados
De selo amarrado ao artelho maior
A espera do ceifador
E sua lâmina nada reticente
E, mesmo que me rasgue as artérias
Ou meu átrio perfure
Meu sangue não jorrará
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