A felicidade chega quando ouvides o som da chuva sobre a relva?
O vento deixa um sentimento melancólico ao passar por entre as fendas da janela?
Que coisa comum, penso eu
Sento-me à varanda, limpo a garganta e os olhos fecho
Ligo minh’alma ao todo e gravo o mais singelo silêncio
Cardio-eletro-encéfalo que não cala, mas pulsa respeitoso
Ouço vozes, mil acordes,
Líricas, nobres
Do inerte tomo posse
Líricas, nobres
Do inerte tomo posse
Vozes do silêncio
O barulho ensurdecedor da brisa ao cair o sol
O irritante escorrer do orvalho da madrugada
Trepadeiras esticam seus braços em busca de apoio
Pedras deprimidas conversam entre si
A neve espanca o telhado
Tímidas luas cantam suas serenatas
Sensatas, inexatas, desbocadas, gritam o amor dos casais
Não sou louco, bobo tampouco
Essas forças naturais eu sequestro
Capto e guardo no âmago de minha existência
Vozes do silêncio
Que controlam o batuque profano da vida
Regentes da beleza
Seus movimentos sutis, maestros, mestres da luz
Livres sobre o púlpito comandam o caos
Não podem ser capturadas por vosso espírito
Nem maculadas por vossa insistente balbúrdia
Vozes do silêncio
Vozes de liberdade
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